Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Alta temperatura

Terça, 2 de agosto de 2011
Por Ivan de Carvalho
“Quanto mais quente melhor” foi o nome do filme mais conhecido e festejado dos que tiveram como principal estrela Marilyn Monroe, a inesquecível símbolo sexual norte-americano (talvez mundial), que morreu misteriosamente em seu apartamento em 5 de agosto de 1962.

Pois se é verdade que “quanto mais quente melhor” – como deve achar o diabo do “poço eterno de fogo e enxofre” no qual será lançado um magote de pecadores (a outros são acenados outros destinos, a exemplo das “trevas exteriores” de que falou Jesus, esclarecendo que lá haverá “choro e ranger de dentes” – está a cada dia melhor o cenário da sucessão municipal de Salvador.

Na edição de ontem, brevemente, já a mencionei mais uma vez. Mas eis que não há como respeitar um intervalo estiloso para voltar ao assunto, especialmente depois que em grande estilo estreou nele, publicamente, a senadora socialista Lídice da Mata, ex-prefeita da capital, numa interessante entrevista concedida ao editor de Política da Tribuna da Bahia, Osvaldo Lyra.

A entrevista de Lídice eleva a temperatura da sucessão, especialmente no campo governista, em vários graus celsius. Ou fahrenheit, para quem gosta de complicar as coisas.

Parte da oposição foi alvejada pela senadora do PSB com a afirmação de que “o DEM só vai ganhar o governo daqui a 20 anos” – há pessoas que têm o dom da precognição, de conhecer o futuro e Nostradamus foi apenas uma dessas pessoas, mas há outras e haverão de estar os socialistas convictos de que o DEM foi posto em estado  macambúzio, sorumbático e meditabundo ante a previsão da senadora.

Mas, considerada em seu conjunto, as oposições devem estar em festa. Afinal, nos termos da entrevista, Lídice entra como potencial candidata à prefeitura, no campo governista estadual, mais um nome que tem de ser levado muito a sério, ao lado de Nelson Pelegrino, do PT, João Leão, do PP, Alice Portugal, do PC do B e Marcos Medrado, do PDT. Vai ver, aparece mais gente aí.

Lídice avalia (ou viu?) que não haverá menos de sete candidatos a prefeito de Salvador em 2010. Não sei, mas é possível que esteja contando com ACM Neto, do DEM – atualmente líder inconteste, com folga, nas pesquisas eleitorais reservadas – com o deputado e ex-prefeito Antonio Imbassahy, do PSDB, Maurício Trindade, do PR, sabem Deus e ele se Mário Kertész, pelo PMDB e aí já vão oito e existem mais possibilidades, mais nomes que se colocaram, como é o caso do vice-prefeito e ex-prefeito Edvaldo Brito, Márcio Marinho, do PRB e IURD. E as coisas não se esgotam aí.

Onze nomes foram listados nas linhas acima. E isto não inclui os miudinhos, tipo Psol, PCB, PSTU e tal. Em compensação, desistências são praticamente certas. Quais? Uma questão para aquelas pessoas que receberam o dom de conhecer o futuro. Mas se ficarem uns três governistas de peso (o candidato do PT, que não abre mão da cabeça de chapa, e, digamos mais dois entre candidatos do PP, PC do B, PSB, PDT), a oposição vai ficar feliz.

É que o segundo turno fica garantido e no segundo turno é preciso o governismo dar muita sorte para se apresentar com um candidato palatável à maioria do eleitorado. Em 2008 não teve esta sorte.

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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.