Quarta, 7 de março de 2012
Da Agência Brasil Mariana Jungmann*
Repórter da Agência Brasil
O Senado rejeitou hoje (7) a recondução de Bernardo
Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT). Após longa discussão na qual diversos senadores
acusaram Figueiredo de estar sob suspeição por causa de irregularidades
apontadas na agência pelo Tribunal de Contas da União, a votação
terminou com 36 votos contra a recondução, 31 a favor e 1 abstenção.
O principal opositor de Figueiredo foi o senador Roberto Requião
(PMDB-PR), que falou diversas vezes sobre os processos aos quais ele
responde. Requião acusou o ex-diretor da ANTT de ocupar o cargo para
defender interesses das empresas para as quais trabalhou antes. “O sr.
Bernardo Figueiredo é um tecnocrata híbrido, defendendo o interesse do
setor privado na associação nacional, assinando a concessão e modelando a
privatização. Por muito menos este plenário já rejeitou indicações de
administradores públicos”, disse o senador paranaense.
Apesar de Requião ter sido apoiado por diversos senadores de
oposição, a principal justificativa dos governistas para a derrota é a
insatisfação da base aliada do governo. Após a votação, o petista
Lindbergh Farias (RJ) disse que a votação teve a ver “com tudo, menos
com a ANTT”. “O governo foi derrotado pela base aliada”, disse o
senador. Na opinião dele, os aliados mandaram “vários recados” para a
presidenta Dilma Rousseff e os integrantes do governo.
Por se tratar de votação secreta, o líder do governo no Senado,
Romero Jucá (PMDB-RR), admitiu que a margem para dissidências na base de
apoio ao governo era maior. Apesar disso, Jucá disse que não poderia
ter evitado a votação por causa das acusações contra Figueiredo, que
surgiram durante o debate. “Depois de todo esse alarde, se não
colocássemos para votar, seria a aceitação de que ele não tinha
condições de ser reconduzido”, justificou Jucá.
Ele também reconheceu que muitos senadores dos partidos que dão
apoio à presidenta Dilma estão insatisfeitos com a maneira como vem
sendo tratados pelo governo. Segundo ele, os aliados reclamam que não
são recebidos pelos ministros e não têm suas demandas analisadas pelo
governo.
Apesar disso, Jucá não disse que o problema maior está no PMDB.
Ontem (6), diversos parlamentares do partido entregaram ao
vice-presidente Michel Temer manifestou no qual pedem mais espaço no
governo. Mesmo assim, Jucá evitou relacionar a derrota de hoje aos
colegas de legenda. “Não tem um problema específico com o PMDB, é uma
coisa diluída por todos os partidos da base aliada”, disse o líder
governista.
Procurado pela Agência Brasil, Bernardo Figueiredo
não contestou a decisão do Senado. “Não tenho nada a dizer sobre isso. A
decisão é do Senado. Não tenho nenhum sentimento com relação a isso”,
disse o ex-diretor da ANTT.
Sua recondução ao cargo já havia sido aprovado pela Comissão de
Infraestrutura do Senado. Agora, o governo terá que indicar outro nome,
que precisará passar por nova sabatina e aprovação na comissão, antes de
ter o nome analisado pelo plenário da Casa.
*Colaborou Sabrina Craide