Terça, 10 de abril de 2012
Por Ivan de Carvalho

A exoneração do comandante foi explicada pelo
governador petista Agnelo Queiroz pela persistência de uma Operação Tartaruga –
apelidada de Operação Padrão ou vice-versa – na PM, o que tornou mais agudo o
já gravíssimo problema de insegurança pública no Distrito Federal.
Esse problema, que há tempo já afligia a
periferia do DF, a algum tempo avançou gradualmente para as cidades satélites e
já ameaça claramente o Plano Piloto, o núcleo urbano em que está sediado o
Poder federal no Brasil. É evidente que a Operação Tartaruga ou Padrão da PM é
um fator facilitador da violência e da criminalidade em geral, mas uma e outra
não surgiriam simplesmente do nada só porque a PM haja passado a cumprir com
algum rigor os regulamentos que está obrigada a cumprir.
A violência e a criminalidade já estavam lá, com
seus agentes, equipamentos e ações. A Operação Tartaruga ou Operação Padrão
apenas deixou a bandidagem ainda mais à vontade, ainda mais confiante em que
não encontraria resistência e, portanto, mais ousada e disposta à ação.
A PM do Distrito Federal é muito diferente da PM
da Bahia. Em treinamento também, mas sobretudo com efetivo muito maior, mais e
melhor armamento e outros equipamentos em maior quantidade, a exemplo de
viaturas, bem como condições melhores em conservação das viaturas,
abastecimento, coletes à prova de bala. Quanto a essas coisas, não dá para
comparar.
Mesmo assim funciona mal, muito mal. E quem for
bastante otimista para acreditar que com a exoneração do comandante Sebastião
Gouveia as coisas vão entrar nos eixos, melhor pender mais para o realismo.
Afinal, se o comandante agora exonerado passou somente três meses no cargo, seu
antecessor, o coronel Paulo Roberto Rosback, assumiu o posto de comandante da
PM do DF em 12 de janeiro de 2011. Durou nele apenas um ano e três meses.
Bem, faz tempo que não trato aqui de um assunto
que costumava abordar, por sua grande importância para a sociedade – a
segurança pública, que de já muito tempo para cá, na Bahia e em alguns outros
Estados brasileiros, mais apropriadamente seria chamada de insegurança pública.
Abri uma exceção para falar desse assunto apenas durante a recente greve da PM,
que mobilizou o Exército e a Força de Segurança Nacional no esforço para dar um
alívio a uma população que mergulhava rapidamente no pânico e no desespero.
Aos trancos e barrancos o problema agudo foi
sanado e até com uma certa paz cujo principal responsável – ainda que não o
único, certamente – foi o general Gonçalves Dias e uma bela e eficaz atitude
que teve e que eu agora me permito chamar de atitude pascal antecipada e
injustamente por alguns condenada.
Mas se na Bahia o problema agudo foi resolvido,
até de modo a travar problemas programados para outros Estados, o problema
crônico da insegurança continua intocado. Mesmo sendo oficialmente uma
prioridade de governo, prioridade que devia apagar ideias como a da ponte
Salvador – Itaparica (se já houver sido apagada, que me desculpem), da mesma
forma que certas questões do governo Dilma, como a falta de recursos para o SUS
e até o corte de R$ 5 bilhões do Ministério da Saúde deviam cancelar projeto
como o do fantasmagórico trem-bala Rio-São Paulo.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.