Domingo, 8 de abril de 2012
Retomando a prática consagrada em países como o Chile e a Argentina, 
uma garotada corajosa vem se postando diante das residências e locais de
 trabalho de torturadores em Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, 
São Paulo. Com carros de som, cartazes, panfletos e muita gritaria, 
denunciam aos passantes e vizinhos espantados, com farta documentação 
probatória, que ali se homizia no anonimato gente responsável pelo crime
 inominável de tortura de prisioneiros e prisioneiras inermes. 
Do Correio da Cidadania
| O torturador na vitrine | 
| Escrito por Mário Maestri | 
| Quarta, 04 de Abril de 2012 | 
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O torturador debruçava-se sobre a vítima com objetivos imediatos. 
Através da destruição física e psicológica, buscava quebrar a vontade do
 torturado para que denunciasse companheiros; revelasse locais de 
encontro e reunião; indicasse atos passados e futuros. Exigia que tudo 
revelasse, a fim de interromper a dor lancinante e o medo à dilaceração 
irremediável da existência, vivida em extrema solidão. 
A tortura durava minutos ou se mantinha por horas, dias e semanas; 
podia deixar feridas, mais ou menos indeléveis, ou desembocar 
intencionalmente ou não na morte, sobretudo diante de vontade 
inquebrantável. Após sevícias inomináveis, Mário Alves morreu de 
hemorragia interna, empalado em cassetete, por esbirros indignados com o
 mutismo férreo do baiano. 
A tortura possuía objetivo mais ambicioso. Almejava impor o medo aos 
que resistiam, pensavam em resistir, eram chamados à resistência, 
simpatizavam com ela ou conheciam sua existência. Todos deviam vigiar 
atos e passos, para não terminarem diante do torturador. Pais foram 
torturados diante dos filhos pequenos; jovens foram estupradas por cães;
 militantes foram dilacerados até a morte, como registro do direito 
absoluto do torturador. Devido a essa função pedagógica, enquanto a 
ditadura negava a prática da tortura, permitia-se que seu conhecimento 
penetrasse e aterrorizasse amplos segmentos da população. 
No Brasil, a tortura como arma policial e como instrumento de domínio
 social foi instituição de Estado. Ela foi introduzida, sustentada, 
justificada, financiada, apoiada ativamente pelas classes sociais que 
incentivaram e se locupletaram com o golpe militar: industriais, 
banqueiros, latifundiários, a grande imprensa, políticos conservadores, 
oficiais da ativa e retirados, a alta hierarquia da Igreja e da Justiça 
etc. 
Ainda hoje, as instituições judiciárias, legislativas e executivas do
 Estado desdobram-se para proteger e encobrir os responsáveis e os 
executores das práticas generalizadas de tortura e execução de 
prisioneiros políticos, atos que a justiça internacional e o direito dos
 povos definem como imprescritíveis e necessariamente objetos de punição
 exemplar. Leia a íntegra 
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