Sexta, 28 de junho de 2013
"Nossa denúncia
parte de uma avaliação de que os jovens de classe média que também
participaram das manifestações encontram mais facilidades para contratar
advogado e sair da prisão"
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Quatorze jovens que participaram das recentes
manifestações no Rio permanecem presos na Cadeia Pública Bandeira
Stampa, no Complexo Penitenciário de Bangu, zona oeste da cidade,
segundo denúncia feita hoje (28) pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e
Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT-RJ).
De acordo com o MEPCT, esse número é sete
vezes maior do que o estimado pelas organizações de direitos humanos que
acompanham o desdobramento das prisões. Ontem (27), uma equipe da
entidade esteve em Bangu e avaliou a situação dos jovens que permanecem
presos.
Segundo o advogado do MEPCT, Taiguara Souza, dos 14 detidos, 13 são
negros, moradores de periferia e sem nenhuma condição de contratar um
advogado. Ele classificou as prisões como "arbitrárias e seletivas".
"Nós tínhamos relatos de outras ONGs de que havia apenas dois presos
das manifestações. Quando chegamos lá, constatamos que esse número era
muito maior. Na manifestação, a maioria não era negra e pobre. Nós
também observamos que esses jovens foram presos sem provas e por crimes
considerados leves, como furto e dano comum e qualificado", disse Souza.
O advogado disse que as denúncias do MEPCT
foram encaminhadas para o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos
(IDDH), que deverá pedir a soltura dos 14 jovens.
"Os presos estão mantidos em celas separadas dos presos comuns e
aparentemente estão sendo bem tratados e alimentados. Nossa denúncia
parte de uma avaliação de que os jovens de classe média que também
participaram das manifestações encontram mais facilidades para contratar
advogado e sair da prisão".
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro informou
que não irá se pronunciar sobre o assunto, porque ainda não recebeu a
denúncia.