Sábado, 29 de junho de 2013
Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Com a adesão de pelo menos seis movimentos, o próximo protesto
organizado por jovens em Brasília, marcado para amanhã (30), mudará de
endereço. Em lugar do Congresso Nacional, os manifestantes marcharão em
direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha, onde pretendem ficar até o
início da noite deste domingo.
Os manifestantes se concentrarão na Rodoviária do Plano Piloto a
partir das 14h. A previsão é que subam o Eixo Monumental, uma das
principais avenidas da capital federal, até o estacionamento do estádio.
Haverá mobilizações semelhantes em cerca de 30 cidades em todo o país,
aproveitando a final da Copa das Confederações.
As pautas de reivindicações estão sendo discutidas em assembleia na
tarde de hoje (29). Ao todo, cerca de 200 pessoas participam da reunião,
ao lado da Biblioteca Nacional de Brasília. Um contingente de cerca de
30 policiais acompanha a assembleia, mas a reunião segue pacífica, sem
incidentes.
Os manifestantes dividiram as discussões em cinco eixos: direitos
humanos, justiça e criminalização; mídia e comunicação; participação
popular e reforma política; transformações estruturais e serviços
públicos; e gastos com a Copa do Mundo. As pautas definidas em cada
grupo foram reunidas em uma grande plenária para serem consolidadas no
início da noite.
Um dos organizadores da Marcha do Vinagre, o estudante Jonatas
Leroy, 19 anos, disse que o horário da marcha foi antecipado para evitar
atos de vandalismo. “Em Brasília, os baderneiros têm agido depois que
escurece. Por isso, decidimos mudar o horário para que não haja
incidentes”, declarou. Ele ressaltou que os arruaceiros não estão
vinculados ao protesto e representam uma minoria.
Membro
do Comitê Popular da Copa, movimento que critica os gastos públicos nas
copas das Confederações e do Mundo, o consultor Thiago Ávila, 27 anos,
também critica os baderneiros. Ele, no entanto, diz que a repressão da
polícia, que classifica de exagerada, estimula reações violentas. “Não
compactuamos com a criminalidade, mas existe o vandalismo do Estado
contra a população. Dá para entender o que faz uma pessoa perder a
cabeça ao ser violentada não apenas pelos policiais, mas pelo Poder
Público em todos os direitos básicos”, declara.
Ávila cita o protesto no jogo de abertura da Copa das Confederações.
De acordo com ele, a polícia reagiu de forma desproporcional contra os
manifestantes, que estavam sentados. Sobre a manifestação de amanhã, ele
diz que o Comitê Popular da Copa tentou alugar um carro de som para
orientar os manifestantes e coordenar o trajeto. No entanto, segundo
ele, a Polícia Militar rejeitou o pedido.
Sobre a queda no número de manifestantes, Jonatas Leroy, da Marcha
do Vinagre, disse que a passeata pretende reunir diversos movimentos
sociais e de jovens para aumentar ou pelo menos impedir a diminuição do
total de participantes. Na manifestação do dia 19, que terminou na
depredação do Itamaraty e da Catedral de Brasília, 35 mil pessoas
estiveram presentes. O protesto da última quarta-feira (26), também na
Esplanada dos Ministérios, reuniu 5 mil participantes.
De acordo com Jonatas, além da Marcha do Vinagre e do Comitê Popular
da Copa, outros movimentos participação do protesto, como Marcha contra
a Corrupção, Dia do Basta e Marcha das Vadias, além de defensores dos
direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT). “Vários
movimentos estão se unindo para formar uma massa e manter a participação
popular”, ressalta.