Sexta, 27 de
setembro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Nem
mesmo se esgotara o noticiário sobre a decisão da direção nacional do partido
de retirar-se do governo federal comandado pelo PT e da comunicação à
presidente Dilma Rousseff dessa decisão, que incluiu a saída dos socialistas
dos cargos que vinham ocupando na administração federal e novos desdobramentos importantes
surgiram.
Um
deles, a decisão do núcleo cearense do PSB – o segundo mais importante do país
– de migrar para o Pros (que acaba de ter seu registro concedido com muito
carinho pelo Tribunal Superior Eleitoral por cinco votos contra dois), um partido
que vai apoiar o governo e a candidatura de Dilma Rousseff. Esse núcleo
cearense, que tem quatro deputados federais, é liderado pelo governador Cid
Gomes e seu irmão Ciro Gomes.
Ao
mesmo tempo, depois que a Executiva do PT reuniu-se e deu uma nota um tanto
malemolente sobre a decisão do comando nacional do PSB de tirar o partido do
governo e sobre a calma (relutância) que os petistas devem ter quanto a se
retirarem dos governos estaduais do PSB, vem o presidente nacional do PT, Ruy
Falcão, e praticamente lança a candidatura de Eduardo Campos a presidente da
República.
Lança
apenas, ou constata, não apoia. Ruy Falcão disse em entrevista à Folha de S.
Paulo que vê uma movimentação concreta de Campos para viabilizar sua
candidatura à presidência da República. Esta, aliás, é uma coisa que não só Ruy
Falcão, mas também toda a torcida do Flamengo – e a do Corinthians, – estão
vendo. Após abusar de platitudes, como dizer que o governador e presidente
nacional do PSB tem “direito” de entrar na disputa pela chefia do Executivo
federal e “legitimidade para isso”, Falcão proclama: “No momento, caminha-se
para a candidatura de Eduardo Campos”.
Mas
os fatos não se limitam ao que já foi referido. O comando nacional do PSB foi
rápido no gatilho ao intervir no diretório estadual do Rio de Janeiro, que, sob
a presidência do prefeito de Duque de Caxias, decidira apoiar a candidatura de
Dilma Rousseff para presidente e a do vice-governador Luiz Pezão a governador.
Os socialistas que caíram em desgraça no Rio de Janeiro operavam ainda como
quinta-colunas, estimulando políticos socialistas a mudarem para o PMDB,
partido do governador Sérgio Cabral, que é uma espécie de petista encubado.
Já
está decidido que o deputado federal e ex-jogador Romário, que deixara o PSB há
alguns meses, voltará para este partido e será o novo presidente da seção
fluminense.
O
episódio do Rio de Janeiro deixa claro que o comando nacional do PSB não vai
transigir quanto às estratégias e táticas necessárias à consolidação política e
eleitoral da candidatura de Eduardo Campos. Onde houver dissidência, sabotagem
ou corpo mole, a direção nacional do partido tomará as providências para por as
coisas no rumo desejado.
Na
Bahia, por enquanto, as coisas não fugiram ao controle. Não é segredo para
ninguém, no meio político, que a senadora Lídice da Mata, presidente estadual
do PSB, gostaria de manter a aliança com o PT nas eleições de 2014, uma aliança
que lhe valeu o mandato de senadora, pelo que é muito grata ao governador
Jaques Wagner, muito mais a ele que ao PT.
Lídice
é quem Eduardo Campos quer disputando pelo PSB o governo do Estado. Ela tem
dito que espera ser candidata a governadora com o apoio da base política do
governo Wagner. Não se pode dizer que é a coisa impossível, mas esse caminho
está cheio de pedras e buracos e ela bem sabe disso. Então a senadora diz que,
sendo Eduardo Campos candidato a presidente, o PSB terá uma candidatura própria
ao governo baiano, seja a dela ou de outra pessoa.
Nesse
negócio de outra pessoa é que a coisa pode complicar.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.