Domingo, 29 de setembro de 2013
Cristina Indio do Brasil, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Professores da rede municipal de ensino estão
acampados em dez barracas na lateral do Palácio Pedro Ernesto, sede do
Legislativo do Rio, onde ontem (28), por volta das 22h30, houve uma ação
da Polícia Militar (PM) para a desocupação do plenário da Casa.
Segundo a coordenadora-geral do Sindicato
dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe), Gesa
Corrêa, que estava presente no momento da operação, os policiais
chegaram às 18h e pediram a desocupação. Depois da tentativa de
negociação, e com a decisão dos professores de permanecer no local, os
policiais começaram a ação de retirada. “Foi uma truculência. Foi um
caos”, disse.
Durante as negociações os professores
pediram que o comandante da operação apresentasse a ordem judicial para a
reintegração de posse do plenário, explicou. Segundo ela, na véspera já
havia ocorrido uma tentativa. “Eles chegaram com um documento que era
uma farsa de 20 de agosto. Falamos com os advogados e não saímos. Ontem
foi a mesma história.”
Gesa contou que os professores insistiram
para ver o documento de reintegração e que o comandante saía e voltava.
“Depois ele acabou dizendo que era ordem do Cabral [governador do Rio,
Sérgio Cabral], do Jorge Felippe [presidente da Câmara] e do Eduardo
Paes [prefeito do Rio]. Não tinha nada escrito, foi autoritarismo
mesmo.”
Segundo ela, houve a troca do comandante da operação, que apresentou
a alternativa de saída dos professores do plenário da Câmara, caso
contrário, a PM faria a operação de desocupação do local, que já estava
no terceiro dia.
Gesa disse que dois professores foram
autuados e levados para a 5ª Delegacia de Polícia e que quatro feridos
foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Segundo ela, o sindicato vai recorrer à Justiça contra a operação
policial dentro do plenário da Câmara. “Vamos entrar com ações judiciais
em todas as instâncias. Eles não podiam retirar a gente de lá e nem dar
voz de prisão.”
Em nota, a Polícia Militar informou que a desocupação da Câmara
Municipal na noite de ontem atendeu a um ofício do presidente da Casa.
Segundo a PM, Jorge Felippe solicitou a reintegração e a retirada dos
professores que ocupavam o Palácio Pedro Ernesto desde quinta-feira
(26). “O comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma
forma de entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação
da Justiça”, diz a nota.
Gesa contou ainda que enquanto estava na delegacia acompanhando os
professores detidos recebeu um chamado de colegas, por volta de 1h,
dizendo que estavam acampados próximos à Câmara e que um grupo da Guarda
Municipal tinha chegado ao local para a retirada das barracas. Depois
de mais uma rodada de negociação, as barracas continuaram montadas na
parte lateral do prédio.