Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sobre o Capitalismo: ontem, hoje e amanhã.

Segunda, 30 de setembro de 2013

Almério Nunes
Creio que todos os ismos trouxeram tormentas imensas para o mundo, mas quando abordamos o Capitalismo podemos ver, com as ocorrências atuais, o que nos restou.

Na crise provocada pela inacreditável jogatina de Wall Street, 1929, os Estados Unidos foram salvos pelas teorias de John M. Keynes: o Estado deve reger as economias do mundo. E foi assim que Franklin D. Roosevelt derramou muitos milhões de dólares em empresas como Good Year (borracha), Schwab (aço), Ford (automóveis), Eastman (fotografia) e Rockefeller (petróleo) para recuperar as gigantescas perdas do país.

Os resultados fazem parte da história; a produção voltou a crescer e os Estados Unidos dispararam como potência mundial. Só que… lá se foi o dinheiro do cidadão-contribuinte-eleitor (o Estado) que tornou possível tal recuperação. Seria de se esperar uma justa participação nos lucros daquelas empresas, o que não aconteceu. Seus donos ficaram ainda mais milionários, pagando salários miseráveis para os verdadeiros donos do capital: os trabalhadores.


SUBPRIME

Na crise do subprime de 2008, novamente o Estado foi convocado a socorrer as empresas e bancos quebrados, pela mesma jogatina de sempre. Além dos cem milhões de pessoas jogadas na mais completa exclusão, constatamos que chegam a US$ 11 trilhões as perdas internacionais provocadas, segundo estudo de Luciana Rodrigues, Flavia Barbosa e Lucianne Carneiro, que assinalam:

“Houve uma crise sem precedentes, que se disseminou com rapidez nunca antes vista pelos mercados financeiros globais, levando à derrocada de bancos, empresas e países. Passados cinco anos da quebra do Lehmann Brothers, os maiores países do mundo ainda amargam uma perda deste montante, US$ 11 trilhões. Esse é o tamanho do custo estimado da crise para os Estados Unidos, Reino Unido, Zona do Euro e grandes emergentes como Brasil, China e Rússia. Pacotes bilionários de socorro a bancos e empresas tiveram que ser acionados pelos governos para evitar bancarrotas em efeito dominó″.

DE ONDE VEIO O DINHEIRO?

Pergunto: de onde veio o dinheiro para estes pacotes bilionários? Do Estado, do povo, sempre convocado para salvar as economias. Consequentemente, não há como pensar de forma diferente: o povo é o dono de tudo, e o resultado da produção de tudo deve ser direcionado, em primeiro lugar, a ele, o motor que faz girar as máquinas da produção.

Otaviano Canuto, Consultor Senior em BRICS do Banco Mundial, disse: “Ninguém pode afirmar que o mundo saiu da crise, muito pelo contrário. O teste da recuperação americana será quando o FED (Federal Reserve, o BC americano) retirar os estímulos à economia”.

Estes estímulos, sabemos, montam numa injeção de US$86 bilhões mensais no mercado (vai direto para os bancos). Novamente… novamente… o Estado está tentando manter a economia americana de pé, com o dinheiro do povo, entregue para os abutres de sempre. Então… ISTO é o Capitalismo? Fundamentado sempre no que é produzido pelo povo? E este fica com o quê? Com estes salários miseráveis, salários de exploração cruel e desumana? Ou com um inédito desemprego?

Estamos diante de mais um crime contra povos inteiros!!! Olhemos para o mundo como ele se apresenta HOJE, e vejamos o que pode ser criado para o futuro, mitigando os efeitos deste presente tão desastroso. Na Coreia do Sul uma empresa criada em 1938 (uma lojinha) associou-se ao Estado e atualmente é maior do que a Argentina: SAMSUNG. Distribui dividendos para seus colaboradores e lhes proporciona educação qualificada. Proporcionalmente, tem a maior quantidade de PHDs do mundo.

Existe capitalismo lá? Sim,mas desta forma: o povo gera as riquezas e fica com elas. Nos Estados Unidos 47% dos cidadãos não pagam impostos. 150 milhões não têm planos de saúde.

O bilionário Warren Buffett fez piada; “Pago menos impostos do que a minha secretária”. Tá tudo explicado. Inventam guerras e invasões para sustentar a Indústria da Guerra, afinal 28% do Orçamento dos Estados Unidos são direcionados para isto. Com motivo ou sem.

Fonte: Tribuna da Imprensa