Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A fortuna dos irmãos Marinho será taxada?

Terça, 6 de janeiro de 2014
Da Tribuna da Imprens / Viomundo

Por LUIZ CARLOS AZENHA - Via Viomundo
Antes de mais nada, o Viomundo agradece ao Palácio do Planalto pelo convite para assistir a posse de Dilma Rousseff. Infelizmente, por conta de compromissos assumidos anteriormente, não pudemos comparecer.
Para matar nossa curiosidade, ficamos ligados nos relatos de outros blogueiros.
“Não é um ministério, é uma esquizofrenia”, disse um deles ao Altamiro Borges. Foi durante a posse do que preferimos chamar de “ministério do medo”. Medo do contínuo impacto da crise econômica internacional, da Operação Lava Jato, de que uma base frágil deixe Dilma refém da oposição no segundo mandato.
Como este espaço previu anteriormente, Dilma começou com as medidas consensuais: pacote contra a corrupção e o estranho slogan da “Pátria Educadora”.
As primeiras medidas econômicas, como notou o ex-porta voz de Lula, André Singer, na Folha, contradizem o discurso de posse.
“Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só o caminho à frente. Esse é meu compromisso sagrado perante vocês.” No entanto, três dias antes, o governo anunciou que cinco benefícios previdenciários sofreriam cortes de R$ 18 bilhões. A tesoura vai cair sobre o seguro-desemprego, o abono salarial, a pensão por morte, o auxílio-doença e o seguro defeso (voltado para os pescadores). Todos de interesse direto dos pobres. O montante subtraído equivale a cerca de 70% do gasto com o Bolsa Família em 2014.
Também aí, dadas as escolhas feitas para gerir a economia, nenhuma surpresa.
Por conta do resultado das eleições de 2014, Dilma optou por adotar bandeiras que eram da oposição, como a austeridade.
Neste sábado, a presidente desautorizou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que tinha falado em rever as regras que garantem aumento do salário mínimo acima da inflação.
É impossível dizer se Barbosa avançou o sinal ou se foi o Planalto que agiu para tirar dos ombros de Dilma o peso de fazer o que havia prometido não fazer, “nem que a vaca tussa”, na campanha.
Embora este blog entenda que a matemática de Dilma na composição do ministério visava garantí-la no Congresso, é impossível desconhecer o descontentamento da militância petista e de setores importantes dos movimentos sociais.
O erro está na ilusão de acreditar que este é um governo de mudanças e que as mudanças vindouras sejam necessariamente progressistas.
Com a Carta aos Brasileiros o PT aderiu, em 2002, ao pacto das elites que governa o Brasil a perder de memória. Tudo pode mudar, desde que não estruturalmente. É a famosa “modernização conservadora”.
No tempo das vacas gordas, tanto pobres quanto os ricos ganharam. Estes ganharam muito mas, proporcionalmente, menos.
No tempo das vacas magras, a tendência é de que o ministério heterogêneo de Dilma seja reflexo da mesma equação, só que desta vez com os pobres perdendo proporcionalmente mais.
Como em “corte de R$ 18 bilhões” em benefícios previdenciários.
É aguardar agora se o mesmo Congresso regulamentará o imposto sobre fortunas previsto no artigo 153 da Constituição de 1988, com mais de 25 anos de atraso.