Domingo, 18 de janeiro de 2015
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Baseada em documentos e depoimentos, investigação jornalística
desmente versão oficial sobre o massacre no México e compromete o
Exército e a Polícia Federal nas ações que levaram à morte de três
estudantes e ao desaparecimento de 43 jovens
*Especial para Agência Pública
O governo do presidente mexicano Enrique Peña Nieto participou do
ataque aos estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa na noite de
26 de setembro em Iguala, no Departamento de Guerrero, que resultou em
três mortos e 43 desaparecidos. Testemunhos, vídeos, relatórios inéditos
e declarações judiciais que constam dos procedimentos da Procuradoria
Geral de Justiça de Guerrero mostram que a Polícia Federal (PF)
participou diretamente dos fatos.
Peña Nieto: administração envolvida em massacre de estudantes no México. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
A versão oficial do governo mexicano é de que o prefeito de Iguala,
José Luis Abarca (PRD), supostamente ligado à quadrilha Guerreros
Unidos, havia ordenado o ataque para evitar que os estudantes
atrapalhassem um evento eleitoral de sua mulher, María de los Ángeles
Pineda Villa, no centro da cidade. As polícias municipais das
localidades de Iguala e Cocula teriam atacado e capturado os estudantes,
depois massacrados e queimados pela quadrilha Guerreros Unidos sem que o
Exército e a Polícia Federal tivessem conhecimento dos fatos.
Mas a investigação realizada para esta reportagem, com apoio do
Programa de Jornalismo Investigativo da Universidade de Berkeley,
Califórnia, revelou uma história bem diferente. Além da Polícia Federal,
também o Exército mexicano participou do ataque.