Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ostensiva ou veladamente, a Petrobras apavora o mundo político, econômico, administrativo. E os “Acionista Majoritários” das empreiteiras, ficarão impunes?

Terça, 6 de janeiro de 2015  completa
Da Tribuna da Imprensa
Helio Fernandes
Dona Dilma exaltou e exultou com o passado, nos 43 minutos em que no Congresso, lia o que escreveram para ela. Eufórica e vitoriosa, foi a gladiadora dela mesma e do seu triunfo. Esqueceu a inflação, os juros altos, a desorganização total da economia, o desajuste geral e inacreditável. Para o futuro, apenas promessa vagas, exatamente igual ás que fez na primeira posse.
Cantou bem alto: “Nunca tivemos, como agora, reservas externas de 370 BILHÕES de dólares”. Não lembrou que a dívida atingiu um total jamais atingido, de 2 TRILHÕES e 200 BILHÕES, quase igual ao PIB. Só que os juros elevadíssimos, e a falta de crescimento ou desenvolvimento do país, impedem a formação do “déficit primário” para AMORTIZAR os juros.
Só para valorizar a comparação. A dívida do Japão é SEIS vezes o valor do PIB. Mas lá o juro é de 0.10 vezes, 125 menor do que no Brasil. O governo do Japão recebe essa fortuna colossal, investe, cria empregos, presta serviços relevantes á própria população.
Não demora e a DÍVIDA brasileira chegará a 3 TRILHÕES. A amortização anual, ficará em mais de 300 BILHÕES. Os juros não pagos totalmente, são jogados na dívida, os “credores” estrangeiros não reclamam. E os brasileiros não sabem de nada.
Em suma: Dona Dilma apresentou um passado fulgurante e prometeu (á palavra da sua preferência) um futuro mirabolante. Só ela erra em tudo, qualquer que seja o tempo do verbo ou o espaço da realização.
Até a participação do publico diante do parlatório, enquanto ela falava, um desperdício de analise. Acreditou e propagou 200 mil pessoas, não apareceram nem 20 mil. 10 por cento, o que se compara a uma propina, no caso, “propina de impopularidade”.
Este 2015, será assim ou pior. Nem quero citar o discurso de ontem do segundo Joaquim, “preocupante” para Dona Dilma, que ele só chamou de presidente. Não usou nenhuma vez a palavra subserviente, presidentA.
O segundo Joaquim, de longe ou de perto, assusta Dona Dilma. Tranquilamente adiou sua posse para segunda feira, (ontem) queria repercussão individual e não coletiva. Obteve. E mostrou que tem estilo próprio.
Não se arriscou, não prometeu, apresentou “o que o país precisa”, e que irá fazer. E deixou bem claro por onde começará. Se não gostarem, não se iludam: o problema não será dele.
Três coisas que podem ser discutidas, debatidas, discordadas, Mas são textuais do Ministro agora empossado. 1 – “Os gastos públicos têm que ser controlados”.
2 – “O orçamento têm que acompanhar a arrecadação”. 3 – “Vou trabalhar muito com a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União. Para controlar e fiscalizar gastos, incluindo todos os ministérios”.
A propósito: as ações ordinárias da Petrobras, caíram ontem 8 por cento. As preferenciais tiveram queda também dos mesmos 8 por cento. E as duas fecharam exatamente em 8 reais. Parecem números cabalísticos, mas é a realidade de uma empresa de tal maneira massacrada, que não há nem possibilidade de análise ou previsão.
PS- Na posse, Dona Dilma leu dois discursos, nenhum escrito por ela, não tem profundidade ou credibilidade para isso. O primeiro, produto da tecnologia, "falou" pelo ouvido. Só que quem recitava, lia com velocidade, ás vezes ela se atrapalhava, apesar de ter durado 43 minutos.
PS2- O segundo, lido do "parlatório" (palavra imprópria para os personagens), acabou em 5 minutos, não foi nem resumo do primeiro. Estava escrito em folhas de papel, esse, disseram, "era para o povo".
PS3- Não é depreciativo o presidente ler discursos escritos por outros, desde que saiba escrever. Lincoln, escritor maravilhoso, só redigiu o discurso de posse já "herdando" a guerra e o último, já terminada a guerra na cidade que se transformou em cemitério, morreram todos.

PS4- John Keneddy se formou em Direito em Harvard, depois ali mesmo fez o curso de jornalismo, o primeiro da turma, diziam, "Harvard jamais leu ou ouviu o dele". Na posse o discurso foi escrito por Ted Sorensen, com a frase: "Não pergunte o que o país pode fazer por você e sim o que você pode fazer pelo país". Excelente repercussão naturalmente para Kennedy.
PS5- Em 1962, a mais tormentosa crise entre EUA-União Soviética, por causa da descoberta dos mísseis soviéticos em Cuba. (Nada a ver com a guerra fria, como disseram alguns tolos arrogantes e repetem hoje).
PS6- Num momento em que parecia não haver conciliação com Kruchov, Kennedy chamou Sorensen, falou: "Preciso ter na minha mesa, dois discursos. Um lamentando a guerra. O outro exaltando a paz".
PS7- Sorensen escreveu os dois com a mesma competência, embora parecesse contradição. Sorensen dizia a amigos: "Cumpro missão, o presidente escreve melhor do que eu, o que não tem é tempo".
PS8- Como todos sabem, os artigos não foram usados, desnecessários. Estão nos arquivos do Departamento de Estado, serão abertos em 2016. Quem puder não deixe de ler, são maravilhosos.
PS9- Como o notável Sociólogo Hélio Jaguaribe disse a Vargas, 48 horas antes dele se matar: "Presidente o "continente é tão importante quanto o "conteúdo".
PS10- Vargas se matou deixando um documento (carta-testamento) histórico não escrito por ele. O ditador não sabia escrever e nem tinha capacidade de produzir nada parecido.
PS11- Em pleno "Estado Novo", resolveu entrar para a Academia. Subserviente, foi eleito como candidato único. Apresentou 42 volumes de discursos lidos por ele em 15 anos, mas escrito por outros. Provocou a "revolução" intelectual escritores verdadeiros repudiaram e condenaram a Academia.