Terça,
6 de janeiro de 2015 completa
Por Raphael Tsavkko Garcia
Discurso de posse da
Dilma: Serão 4 anos longos e tenebrosos. NENHUMA menção a questão indígena.
Nenhuma menção ao Estado Laico. Nenhuma menção a defesa do meio ambiente (não,
defender Código Florestal não conta) e uma tímida menção a
"sexualidade" e gênero. Direitos Humanos continuará a não ser pauta
da Dilma, a não ser para vulnerá-lo, afinal temos Olimpíadas e ela lembrou do
"sucesso" que foi a Copa, com muita repressão e violência policial e
presos políticos.
Dilma passou a maior
parte do discurso no #blablabla sobre economia, PAC 1, 2, 3, 5000. Louvou um
país agroexportador e exportador de minérios (ou seja, tudo com baixíssimo
valor agregado, com imensos danos ao meio ambiente, com trabalho em condições
precárias ou mesmo em situação de escravidão, como gosta a querida Katia Abreu,
e com uso abusivo de energia elétrica e água - Belo Monte, entenderam?), e a
cereja do bolo, o lema do novo governo, nos fazendo lembrar dos melhores (sic)
anos Geisel ou Figueiredo:
Brasil, pátria
educadora.
Lembrando que
filosofia e sociologia não são educação pra Dilma, que já ameaçou retirar essas
matérias da grade curricular, e que "Educação" nos últimos 12 anos se
limitou a ser encher o cu de UniEsquinas de dinheiro, precarizar a mão de obra
de professores e entregar universidades e escolas técnicas inacabadas e sem
estrutura.
Teremos, diz Dilma,
foco na educação. Com Cid Gomes e Aldo Rebelo respectivamente no MEC e no
Ministério de Ciência e Tecnologia. Um que diz que professores devem ensinar
por amor e não por salário (lembrando que o ministro recebe, ao menos
legalmente, mais de 30 mil reais por mês) e outro que tem orgulho de negar a
ciência e propor projetos que se opõem à inovação.
Vamos lembrar, aliás,
que neste momento a CAPES atrasa o pagamento de várias modalidades de bolsa no
país porque não tem dinheiro, o que tinha foi usado para o programa de colônia
de férias de graduandos, o Ciências (sic) Sem Fronteiras.
Se esta é a
prioridade de Dilma, não quero imaginar o que não é prioridade. Mas nem preciso
imaginar, basta observar os 4 anos dos Direitos Humanos sob Dilma: Feliciano na
CDH, Ideli Salvatti ministra dos DH, Genocídio Indígena, homofobia com crescimento
histórico, revogação de portaria regulando aborto, revogação de absolutamente
todos os programas pró-LGBT e o famigerado "não faremos propaganda de
opção sexual".
Serão 4 anos longos,
tenebrosos, que exigirão muita luta. Dilma iniciou seu discurso garantindo mais
uma vez que não mexerá nos direitos dos trabalhadores, praticamente no dia
seguinte ao corte promovido por ela e anunciado pela piada ambulante do
Mercadante, de que pescadores pobres e doentes, viúvas e desempregados terão
direitos cortados, limitados e o seu acesso a estes direitos dificultado.
Será um governo do
estelionato eleitoral, provavelmente com uma claque de fanáticos ainda mais
ativa, ainda mais lamentável, com um partido ainda mais afundado no discurso da
vítima, do pobre coitado cercado por inimigos (muitos dos quais eleitos com
apoio, campanha e voto petista).
Não serão 4 anos para
os fracos.
E para piorar temos
um cenário de oposição arrasada. A extrema-direita golpista ensaiando sair às
ruas, movimentos sociais implorando para serem cooptados na tal "Frente de Esquerda" do Lula buscando um
lugar ao sol (ou um cargo em Brasília). Teremos (e temos) sindicatos ainda mais
pelegos, chegando ao ponto de defender corte de salário de trabalhadores, com o
perigo de privatização da Caixa, com a Petrobrás passando por uma crise sem
precedentes após ser dilapidada por anos. E temos uma oposição de esquerda
desmoralizada após chamar "voto crítico" mais uma vez, sem conseguir
aprender a lição de que apenas contribuem para a manutenção do PT no poder
permitindo que este vá cada vez mais para a direita.
Que a luta comece,
que a resistência comece que a esquerda seja capaz de se organizar, superar de vez o PT, parar de ajudá-lo, parar de
confiar e dialogar com o PT e efetivamente se tornar uma oposição capaz de,
mais adiante, fazer frente à esta imensa força cooptadora, direitista e
violadora dos direitos humanos e trabalhistas dos brasileiros.