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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Polícia reprime com bala de borracha manifestação contra morte de jovem por um PM

Terça, 6 de janeiro de 2015
Da Ponte
Familiares e amigos do entregador de pizza Ruzivel Alencar de Oliveira, 19 anos, faziam oração em praça quando PMs interromperam ato. Vídeo flagrou repressão dos policiais
Ruzivel Alencar de Oliveira, 19 anos, foi morto por PM quando ia para a casa da namorada
Ruzivel Alencar de Oliveira, 19 anos, foi morto por PM quando ia para a casa da namorada

A Polícia Militar de São Paulo reprimiu com tiros de bala de borracha e gás uma passeata pacífica realizada neste domingo (4), em Diadema (ABC paulista), por parentes e amigos do entregador de pizza Ruzivel Alencar de Oliveira, 19 anos.

Por sonhar se tornar policial, Oliveira era conhecido como “Policinha” no bairro onde vivia, mas seu projeto de vida acabou na noite de 26 de dezembro, quando foi morto com dois tiros (boca e peito) disparados pelo soldado da Polícia Militar de SP Getulio Alves da Silva, 25.

Quando foi morto pelo soldado da PM, Oliveira havia acabado de sair do trabalho e ia para a casa de sua namorada, na periferia de Diadema.

À Polícia Civil, o soldado Getulio tentou justificar a morte de Oliveira ao dizer que disparou sua pistola .40 duas vezes “porque pensou que a vítima [Oliveira] sacaria uma arma”.

Cerca de 150 amigos e parentes de Oliveira, divididos em dezenas de carros e motocicletas, percorreram várias ruas da periferia de Diadema na tarde deste domingo. Quando pararam em uma praça para fazer orações, eles foram reprimidos por policiais militares do 24º Batalhão, o mesmo do soldado Getulio.

A investida dos PMs contra os parentes e amigos de Oliveira começou quando a diarista Francisca Aurélia Alencar, 43 anos, mãe do jovem morto pelo soldado, chorava fortemente e era amparada por uma outra manifestante. Era o momento em que um dos carros da passeata tocava alto “Eu Gostava Tanto de Você”, de Tim Maia.

Outra ação dos PMs contra os parentes e amigos de Oliveira durante a manifestação foi multar os veículos que participaram da carreata pela memória do rapaz. Um amigo de Oliveira teve o carro apreendido e foi detido pelos PMs. O rapaz foi um dos que não conseguiram escapar da praça onde estavam rezando quando os policiais começaram a disparar balas de borracha e a usar spray com gás pimenta.