Terça,
3 de março de 2015
Em Angra dos Reis, no
dia 7 de outubro de 2010, o presidente Lula proclamava: “No nosso governo a
Petrobrás é uma caixa branca e transparente. A gente sabe o que acontece lá
dentro. E a gente decide muitas coisas que ela vai fazer.”
====================
Tribuna
da Imprensa
Sebastião
Nery

Salvador (BA) - José
de Almeida Alcântara, alto, cabeleira branca exposta ao vento, talentoso,
audacioso, coletor federal,prefeito, deputado, era um terror para seus
adversários na política de Itabuna, sul da Bahia.
Em 1960 apoiou Jânio
Quadros, da UDN. Teixeira Lott, candidato do PSD e PTB, foi a Conquista com uma
grande caravana. Tão grande que o palanque não aguentou, desabou, quase quebrou
a perna do velho marechal que ficou impedido de seguir para o comício de Itabuna.
Ele não foi mas a comitiva foi e fez comício na praça. No dia seguinte
Alcântara, que apoiava Jânio, convocou um comício contra Lott. E fez como
sempre um discurso desabusado:
– “Ontem esteve nesta
praça um punhado de contrabandistas:
João Goulart,
contrabandista de boi para a Argentina. Batista Luzardo, contrabandista de
ovelhas para o Uruguai. Orlando Moscoso, contrabandista de cacau e até o padre
Nestor Passos contrabandista de…
Parou, pensou,
continuou:
– “Contrabandista de
almas. Encomenda as almas para o céu e manda todas para o inferno.”
Jânio ganhou em
Itabuna.
ALCÂNTARA
Prefeito, Alcântara
brigou com Gileno Amado, compadre do governador Juracy e líder da UDN na
região. Gileno lançou uma campanha para forçar Alcântara a renunciar. Chamou o
vereador da UDN Manoel Alvarandio e promoveram uma marcha popular até a
prefeitura, todos gritando “impeachment! impeachment!”
Alcântara apareceu na
porta da prefeitura com os brancos cabelos esvoaçantes, um pedaço de papel na
mão esquerda, uma caneta na mão direita e desafiou a multidão:
-“Voces querem meu
impeachment, eu renuncio. Mas antes preciso que este moleque, o vereador
Alvarandio, escreva a palavra impeachment aqui neste papel.”
Alvarandio e a
multidão foram dormir.
IMPEACHMENT
Março começou com o
país se preparando para a grande marcha do dia 15 contra os desvarios da
presidente Dilma. O povo vai dizer nas ruas porque não está engolindo esta
farsa de uma candidata que ganhou a eleição dizendo uma coisa e agora, com toda
a sua cara de pau, que está murchando dia a dia, faz tudo ao contrário.
Não se trata, por
enquanto, de fazer impeachment agora, que é uma arma que a Constituição entrega
ao país só nas horas do desastre final. Mas é preciso que cada um assuma suas
responsabilidades. Essa história de Lula e Dilma rebolando nos palanques e
televisões como se nada tivessem a ver com a roubalheira na Petrobrás é
asquerosa e intolerável.
Cada um, presidentes
da República, presidentes da Petrobrás, presidentes e membros do Conselho
Administrativo, vai ter que assumir suas responsabilidades e pagar pelo que
fizeram ou deixaram de fazer.
LULA
Em Angra dos Reis, no
dia 7 de outubro de 2010, o presidente Lula proclamava: “No nosso governo a
Petrobrás é uma caixa branca e transparente. A gente sabe o que acontece lá
dentro. E a gente decide muitas coisas que ela vai fazer.”
A autossuficiência
promoveu o festival de incompetência de projetos inviáveis, como as refinarias
de Pernambuco, Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro. Todas elas consideradas
inviáveis pelo corpo técnico da Petrobrás. No parecer “Análise empresarial dos
projetos de investimento”, de 25 de novembro de 2009, era documentado o ponto
de vista técnico da empresa, atropelado e desconsiderado pelo então presidente
da República, que agora queda-se em silêncio constrangedor ante as revelações
da “Operação Lava Jato”.
DILMA
A presidente do
Conselho de Administração da estatal era Dilma Rousseff. Chegando depois à
presidência da República, o seu governo ampliou e agravou a situação financeira
da empresa. O caixa foi dilapidado à exaustão para atender ao populismo
fundamentalista. Importava petróleo à média de 100 dólares/barril e vendia
internamente a 75 dólares/barril. Estimava-se o prejuízo em R$ 65 bilhões.
Agora o grupo de
Economia e Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro encontrou outro
número. O economista Edemar de Almeida, na “Globo News”, coordenador do Grupo,
afirmou que o prejuízo da Petrobrás foi de R$ 106 bilhões. No governo Dilma
Rousseff, por consequência, o endividamento da Petrobrás quadriplicou.
A maior crise da
história da estatal teve pai e mãe, autênticos carrascos na mutilação da quinta
maior empresa de petróleo do mundo.
A rapina foi a
garantia da roubança e do conluio dos corruptos e corruptores na expropriação
de bilhões de reais alimentando quadrilhas.