Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A reforma da política, vitória da politicalha

Quinta, 10 de agosto de 2017
Do Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa


 
Hélio Fernandes


Sob o comando do PMDB, o partido mais envolvido e denunciado na Lava-Jato, tentam implantar uma nova realidade eleitoral. Desabrida e desvairadamente tramada para favorecer o continuísmo, a eternidade, a permanência dos atuais representantes, que só representam os seus próprios interesses pessoais.

Enquanto o país clama por renovação, os parlamentares se encaminham para a reeleição. E aperfeiçoam seus cobiçados favoritismos, impondo novas formas, pelas quais se garantem, sem eleição. São "eleitos" longe do povo, permanecem através das famigeradas listas, pelas quais se garantem nos gabinetes. Enquanto o cidadão que paga tudo, ainda tem a obrigação de ir referendar a farsa, na qual transformam o sistema eleitoral.

Além das listas, ainda querem impor o vergonhoso e falsificado "distritão misto", quem vence no distrito, fica com a vaga, os votos de todos os outros candidatos são voluptuosamente jogados no lixo, os lideres (?) partidários ficam com o luxo de se considerarem vitoriosos.

E para não fugir à rotina e ao prazer de desafiar o contribuinte, criam uma nova espécie de Fundo Partidário, com o total de quase 4 bilhões, lógico, vindo do cidadão. O que não invalida o Caixa 2, realidade espúria, sempre justificada pelos candidatos e partidos: "Declaramos tudo ao tribunal eleitoral, que aprovou".

TODO PODER À REELEIÇÃO

Insuflado pelo próprio PMDB abertamente e por Michel Temer não ostensivamente, querem manter a reeleição presidencial.

(Isso faz parte do projeto Temer, já revelado e denunciado por mim. Temer se diz garantido até 2018, e se lançaria por mais 4 anos. Com isso, fugiria de ser julgado na primeira instância. Para lembrar, falei que seria o primeiro presidente a ficar no poder com mais de 80 anos).

Para a permanência de alguém no Poder maior, o ideal seria um mandato de 5 anos, sem reeleição. A catástrofe que desabou sobre o país, vem em linha direta, da reeleição de FHC, comprada e paga à vista com dinheiro dos riquíssimos empresários, maravilhosamente recompensados. Sem a permanência de FHC nesse mandato premeditado e prorrogado, haveria a tão democrática alternância no Poder. E a impossível formação de sistemas ditatoriais de 8 anos, verdadeiras castas negativas.

A RESISTÊNCIA, QUE PODE REPRESENTAR A SALVAÇÃO

Está mais forte do que se imaginava. No primeiro teste, na comissão, nesta madrugada, aprovaram algumas barbaridades, mas o máximo que conseguiram foi um sofrido 17 a 15, que não significa vitória. Principalmente diante da revolta da grande maioria, que formará o PLENÁRIO que decidirá.

Felizmente, vários partidos e parlamentares, num grupo que atinge 142 votos, já se manifestaram contra algumas dessas impropriedades. Esse número tende a crescer, garantindo desde já a vitória contra algumas dessas excrescências. Irei acompanhando e combatendo os privilégios e favorecimentos.

Os que precisam aprovar o que chamam de "reforma política", têm pressa, querem que comece já da eleição de 2018, se é que chegaremos lá. Para isso, precisam aprovar tudo até setembro. Precisarão de muitas madrugadas indormidas, para tantas agressões à democracia e à coletividade.

 O povo precisa ir para as ruas. São os seus direitos e o se futuro, que pretendem destruir

TEMER-GILMAR-MOREIRA FRANCO
                 
Na segunda feira, o PGR publicou que a nova denúncia contra o presidente, não seria por corrupção. E sim por obstrução da justiça. Lógico, todos publicaram.

Na mesma noite, bem tarde e fora da agenda, como é do seu hábito gosto e satisfação, Temer teve encontro com o ministro sem toga. Todos publicaram.

Assim que Gilmar saiu, Temer chamou Moreira Franco, que chegou quase à meia-noite. Só eu publiquei, pois conheço meus personagens, e sei que Moreira redige tudo para Temer. Mas na dívida deixei a interrogação: o que é preciso redigir depois da conversa do AINDA presidente com o ministro que vem cuidando da sua salvação há 15 meses?

No dia seguinte, Moreira entregou a Temer o que Gilmar recomendara. Entrar com ação no Supremo, argüindo a parcialidade de Janot e pedindo o seu afastamento do processo. Justificativa do conselheiro ministro, que vai julgar o pedido que ele mesmo recomendou: "Janot não tem imparcialidade, é suspeito para julgar Temer, deve ser afastado".

Todos publicaram, omitiram o nome de Gilmar porque quiseram. Que sabiam, sabiam. Mas ele tem uma cobertura total, principalmente das televisões. Se publicassem, teriam que registrar que Gilmar, pelo passado e pelo presente, é S U S PE I T I S S Í M O.


O Supremo está obrigado a recusar o pedido de Temer, portanto ele perdeu tempo. A saída para Temer — Gilmar é esperar até 17 de setembro, quando acaba o mandato de Janot. 40 dias de angústia para Temer, de frustração para Gilmar.