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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Eleições 2018: Quer andar de carro velho, não venha

Quinta, 24 de agosto de 2017
Eleições 2018: Quer andar de carro velho, não venha
O tão falado WO para 2018 é improvável.
 
Do Blog do Sombra
Por João ZIsman
O governador Rodrigo Rollemberg, mesmo sofrendo com uma baixissima aprovação junto à população do Distrito Federal, continua na frente quando se analisa quem poderá ocupar o assento na principal cadeira do Buriti a partir de 1º. de janeiro de 2019.

O tão falado WO para 2018 é improvável, ou seja, Rollemberg terá adversário sim, no entanto, não se viu até o momento nenhuma movimentação consistente no meio político, que possa, ao menos, sinalizar uma formação de um grupo ou grupos com chances de lançar um nome competitivo, limpo, novo, e com outras qualidades que possam trazer um sopro de vento fresco e renovado para a política local.

O senador Cristovam Buarque, que encerra seu mandato de senador em 2018, tem tentado reunir forças para criação de uma frente ampla, porém o seu partido, o PPS, tem um “dono” chamado Roberto Freire, que por sua vez sacrificará qualquer costura política em nível local que não passe pela aliança com o PSDB de José Serra e de Geraldo Alckmim. No cenário atual é muito mais provável que o PSDB e PPS acabem marchando junto com o PSB, ou seja, com o Governador Rollemberg. Isso mesmo. Esse arranjo enlouqueceria os distritais Celina Leão e Raimundo Ribeiro, que se postam como verdadeiros inimigos do ocupante do Buriti, mas vejam só: se Roberto Freire, dono do PPS, só faz o que manda José Serra e Geraldo, ambos do PSDB, e o atual vice de Alckmin, Márcio França, que deverá assumir o governo de São Paulo, é do PSB de Rollemberg, não há como descartar essa arrumação no DF.

Por outro lado, o PSDB realizará eleições gerais para eleger todos os seus diretórios no país, inclusive o do DF, e o deputado Izalci Lucas, que desde 1º. de janeiro de 2015 afirma que será candidato ao governo do DF, deverá perder o diretório para a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, que reapareceu, e bem, articulando no tucanato de alta plumagem sua aproximação com o mesmo Rollemberg, para ocupar a vaga de vice no lugar de Renato Santana, fiel escudeiro de Rogério Rosso, que por sua vez anda cada vez mais distante de Rollemberg, bem como das decisões nacionais do seu PSD.

Um eventual derrota de Izalci para Abadia na disputa interna do PSDB, poderá ser o start para que Izalci percorra um caminho já trilhado, ou seja: deixar de ser tucano e migrar de volta para o PR, onde suas chances de receber a missão da legenda para a disputa do Buriti poderiam ganhar reforço com o beneplácito do ex-governador José Roberto Arruda, que é a eminência parda dos Republicanos.

Ainda no quadrado do PR, Jofran Frejat tem sido permanentemente lembrado em razão do bom recall que carrega pelas últimas eleições, no entanto, Frejat é considerado um político sem grupo, o que enfraquece seu poder de negociação frente a qualquer grupo político. Apesar da sua boa saúde e disposição para fazer uma campanha, Frejat não é mais um “menino” e, portanto, não irá enfrentar o desgaste de tentar impor sua candidatura a todo custo. Alguns dizem que ele aguarda ser ungido como candidato, mas isso é muito improvável.

O PDT e REDE tem tudo para se alinhar. Chico Leite da Rede, nunca escondeu sua pretensão de disputar o senado e parece que dessa vez vai conseguir o que nunca conseguiu com o PT. Leite sabe que precisará de um candidato ao Buriti que auxilie suas pretensões, e tem trabalhado para estimular Joe Vale a encarar a disputa. Joe é um nome leve e que de fato pode ser trabalhado, mas faltam ao seu partido densidade eleitoral e tempo de televisão, suficientes para alçar voo solo. Nos bastidores há um movimento para agregar o braço político evangélico num composição com PDT e Rede, cabendo uma posição de destaque para o Bispo Rodovalho ou para Wanderley Tavares, presidente do PRB no DF. Nesse arranjo até caberia incluir o PT, caso não haja uma determinação da cúpula estrelada para lançar uma chapa própria para dar palanque a Lula ou seu indicado, caso a justiça lhe condene em segunda instância.

Já no lado mais a direita da balança, PMDB, DEM e PP juntos, garantem o maior tempo de televisão durante a campanha, além da densidade eleitoral que falta ao PDT, como havia dito anteriormente. Esse diferencial coloca esses três partidos numa posição privilegiada na escolha dos nomes para uma chapa majoritária.

Correndo por fora, Alírio Neto vem mantendo conversas em todos os segmentos partidários tentando se viabilizar como solução para o Buriti em 2018. Tudo indica que essa peregrinação tem como destino 2022 e que na verdade Alírio será mesmo candidato a deputado federal.

Como se vê, até agora não há novidade para a corrida eleitoral de 2018. Resta saber se um discurso novo com cara velha será o bastante para desafiar Rollemberg e encantar o eleitor.

Um jornalista e querido amigo, muito espirituoso, certa vez escreveu nas redes sociais que “pensar votar em fulano (preservarei o nome) para o GDF em 2018 é a mesma coisa do que entrar numa concessionária de veículos e pedir para comprar um Lada”. Aí só me lembro de Ivete: “quer andar de carro velho amor, NÃO venha”.

Governador, qual será seu discurso de campanha?