Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Entidades repudiam assédios sexual e moral praticado pelo deputado Wladimir Costa contra jornalista

Sexta, 4 de agosto de 2017
“Pra você, só se for o corpo inteiro”
 
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Do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF

Coletivo das Mulheres Jornalistas do SJPDF

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do DF (Cojira-DF)

Nós, jornalistas do Distrito Federal, viemos a público rechaçar a conduta antiética, misógina, machista e racista do deputado Wladimir Costa (SD-PA) contra a jornalista Basília Rodrigues, da CBN. Na noite do dia 1º de agosto, durante o exercício da profissão, Basília foi assediada sexual e moralmente pelo parlamentar.


A jornalista expôs o fato em sua página no facebook. O relato foi intitulando como “Um ensaio sobre a idiotice”. A repórter afirma que questionou se a tatuagem em homenagem ao presidente Michel Temer era de verdade e se o deputado poderia mostrar a imagem. Em resposta, Wladimir disse: “Pra você, só se for o corpo inteiro”.


Basília também relata que o deputado em questão, ao ser indagado novamente, fez outras colocações e até mesmo gestos, ambos muito desrespeitosos. Para além disso, os atos foram presenciados pelos jornalistas e deputados que estavam no local, colocando a profissional em uma situação bem delicada e vexatória (Confira o relato completo aqui). 
              

Mesmo diante de um período questionável, do ponto de vista dos direitos e representações, faz-se necessário que situações como esta sejam expostas e veementemente combatidas. O teatro criado tendo personagens políticos bizarros como protagonistas não podem ultrapassar os limites mínimos para uma relação respeitosa, entre políticos e profissionais da imprensa.

As mulheres jornalistas, em especial as negras, já estão submetidas a uma série de desigualdade e violências, dentro e fora das redações, que demandam de toda a sociedade atenção redobrada, ainda mais quando se trata de uma cobertura política de interesse público. Solidarizamo-nos à jornalista, que tem uma atuação destacada na cobertura política em Brasília, e nos colocamos à disposição para dar suporte jurídico, caso ela assim o queira. ()


Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF

Coletivo das Mulheres Jornalistas do SJPDF

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do DF (Cojira-DF)

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Do Facebook de Basília Rodrigues


Basilia Rodrigues
Ontem às 00:16
UM ENSAIO SOBRE A IDIOTICE
Quando a gente volta de férias, quer mostrar as novidades. Algumas pessoas têm fotos, outras chaveiros, tem até os colecionadores de ímãs de geladeira... Mas pra um deputado, Wladimir Costa, o tatuado de Temer, o mais esperado era ver a famosa tatuagem com o nome do presidente.
Era pra ser assim. Mas não foi assim.
Desde os rumores de que é feita de henna, ele rebate e diz que é definitiva.
Agora chegou o grande momento. Nesta noite, em um jantar, tatuado e homenageado respiraram o mesmo ar. Na mesma sala, nada mais "normal" - ainda que pareça uma palavra sem espaço aqui - seria mostrar A homenagem.
Vai lá! Você viu? Ninguém viu.
Na saída, o contraditório. Costa saiu orgulhoso do jantar dizendo que apresentou a tatuagem pra Temer, e que o presidente teria gostado.
Pergunto pro deputado 1, deputado 2, deputado 3. Enfim, alguém aí viu o "taputado", o "detuado" se expôr à flor da pele para Temer? Não.
Ele sai, brinca, se vangloriza e dá sua versão. Pergunto: Deputado, o senhor pode mostrar de novo?
Ele responde: "Pra você, só se for o corpo inteiro". Vou repetir essa resposta com destaque. "PRA VO-CÊ, SÓ SE FOR O COR-PO IN-TEI-RO".
Penso, em que momento eu dei a minha testa pra esse deputado tatuar "idiota"? Ou mais: "mulher idiota".
Havia outros deputados, jornalistas e até câmeras de TV focados nele. Mas nada disso "evitou" uma gracinha ou uma "desgracinha" machista.
Parlamentares constrangidos vieram me pedir desculpas pelo comportamento do nobre colega. Idiotice sabe mesmo ser feito bala perdida.
Sabe quando você vê uma coisa e grita "ai, meus olhos"? Pois é, eu vi e ouvi uma idiotice vinda de um esboço de tatuagem.
Ninguém em sã consciência realmente acha importante noticiar a tatuagem nova do deputado. Apenas pelo momento, apenas pelo contexto, apenas pela polêmica. Até o final desse texto, repensarei sobre isso.
Pessoas que ganham fama por serem idiotas cometem idiotices consecutivamente, claro.
Ei você que ri da piada machista com a colega de trabalho, com a mulher na rua, você é um idiota.
Mas eu não tolero idiotas.
Fui atrás dele.
"Deputado, se o senhor puder ter um pouquinho mais de respeito por eu ser uma repórter e mulher... o senhor falou que não é de henna, agora a gente quer mostrar..."
Wladimir Costa diz: "eu tenho várias tatuagens no corpo inteiro, amor". Huum, que fofo.
Insisto: "O senhor não quer mostrar?"
Ele, já distante de mim, levanta o dedo rindo, coloca na altura da própria boca e fala sem voz, só mexendo os lábios: "não".
Eu repito: "então é porque é de henna...", ele balança a cabeça concordando e sai rindo.
E o que parece marcado na pele, pode sair com cuspe. Mas não há uma comprovação clara disso. No mais, não é importante.
Idiotice é uma tinta forte que não sai no banho, talvez na escola, talvez na prisão, certamente só a sua mãe.
Além de Temer, o deputado em questão tem o nome da esposa tatuado, segundo ele, em um lugar íntimo. Ele mesmo contou. Não preciso aqui dizer onde.
Concluo, desculpe. Idiota é também quem dá atenção pra você.