Helena Martins - Repórter da Agência Brasil
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) classificou nesta
quinta-feira (26) de desumana e considerou um retrocesso a Portaria
1.129 do Ministério do Trabalho, que alterou as regras para
classificação e combate ao trabalho escravo.
“Tal iniciativa
elimina proteções legais contra o trabalho escravo arduamente
conquistadas, restringindo-o apenas ao trabalho forçado com o
cerceamento da liberdade de ir e vir. Permite, além disso, a jornada
exaustiva e condições degradantes, prejudicando assim a fiscalização,
autuação, penalização e erradicação da escravidão por parte do Estado
brasileiro”, disse em nota a CNBB, que repudiou a portaria.
O
secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a medida
“diminui a força no combate ao trabalho escravo” por mudar a definição
do que seja essa prática e os modos de averiguação e punição. Para o
bispo, as pessoas não devem ser tratadas como objetos de ganância. “A
pessoa humana tem a sua grandeza, tem a sua dignidade, e nós todos, eu
creio, como sociedade brasileira, queremos cuidar dos nossos irmãos e
irmãs que trabalham e trabalham em um trabalho pesado, que nós não
desejamos que seja forçado.”
A nota da CNBB reconhece a
importância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a
“portaria da escravidão”, conforme intitula a confederação, e destaca
que o país “tem o dever de repudiar qualquer retrocesso ou ameaça à
dignidade e liberdade da pessoa humana”.
Vice-presidente da CNBB, dom Murilo Krieger alertou que essa defesa não deve ser feita apenas pelos bispos, mas assumida por todos os “que, conscientes de seus direitos, devem assumir o seu protagonismo perante as realidades do mundo”. “Tudo aquilo que fizermos de forma pacífica e dentro do que o Estado de Direito permite é válido, e não podemos ficar só esperando soluções vindas do alto, no sentido de altas autoridades, mas temos que mostrar que, como cidadãos, temos o direito de nos manifestar.”
Vice-presidente da CNBB, dom Murilo Krieger alertou que essa defesa não deve ser feita apenas pelos bispos, mas assumida por todos os “que, conscientes de seus direitos, devem assumir o seu protagonismo perante as realidades do mundo”. “Tudo aquilo que fizermos de forma pacífica e dentro do que o Estado de Direito permite é válido, e não podemos ficar só esperando soluções vindas do alto, no sentido de altas autoridades, mas temos que mostrar que, como cidadãos, temos o direito de nos manifestar.”
Investigação
Apesar
de suspensa pelo STF, a portaria que propôs mudanças nas regras de
combate ao trabalho escravo continua provocando reações. Na quarta-feira
(25), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) decidiu instaurar
comissão de apuração de condutas e situações contrárias aos direitos
humanos para investigar o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
Esta é a primeira vez que o colegiado abre um procedimento apuratório, recurso previsto na Lei 12.986/2014, regra que criou este órgão de Estado.
Esta é a primeira vez que o colegiado abre um procedimento apuratório, recurso previsto na Lei 12.986/2014, regra que criou este órgão de Estado.
Segundo o CNDH, a abertura do procedimento decorre “das
ações reiteradas adotadas pelo ministro, desde o início de sua gestão,
que criam dificuldades ao processo de erradicação do trabalho escravo no
país, como na ação voltada à não publicação da lista suja e, mais
recentemente, com a publicação da Portaria MTB nº 1.129/2017”. O
ministro ainda não foi notificado.