Segunda, 30 de outubro de 2017
Do Jornal do Brasil
O doleiro Lúcio Funaro disse, em mais um depoimento de sua delação 
premiada ao Ministério Público Federal (MPF), que o presidente Michel 
Temer tinha pleno conhecimento do esquema de fraudes e desvios do Fundo 
de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) da 
Caixa Econômica Federal, durante a gestão do então vice-presidente do 
banco Fábio Cleto, aliado do ex-deputado Eduardo Cunha.
Funaro, 
que esteve no comando dos fundos de loteria da Caixa, contou que 
repassava a Cunha informações sobre as empresas que estavam buscando 
recursos e que cabia ao ex-presidente da Câmara ir a essas empresas e 
cobrar a propina para que houvesse a liberação dos recursos. A propina 
abasteceu campanhas do PMDB e a prática era de conhecimento de Temer, do
 ministro Moreira Franco e dos ex-ministros Geddel Vieira Lima e 
Henrique Eduardo Alves.
O
 doleiro contou, ainda, que conheceu Eduardo Cunha no final de 2002 e 
que, a partir de 2003 passou a ter reuniões semanais com o ex-deputado 
para tratar exclusivamente de negócios ilícitos. Segundo Funaro, foram 
pelo menos 780 encontros, e que Cunha tinha tanta "neurose" com a 
possibilidade de grampos telefônicos da Polícia Federal, que ele 
providenciou aparelhos israelitas para criptografar as ligações e 
embaralhar as vozes.
"Então, se você quebrar o sigilo telefônico, 
vão ter pouquíssimas ligações com o deputado Eduardo Cunha", disse o 
doleiro, cuja delação embasou parte da segunda denúncia da 
Procuradoria-Geral da República (PGR), por organização criminosa e 
obstrução de Justiça, contra o presidente Michel Temer e os ministros 
Moreira Franco e Eliseu Padilha.
Os citados negam a veracidade das
 informações fornecidas por Funaro. Já Eduardo Cunha, que está preso há 
mais de um ano em Curitiba (PR), afirmou que vai desmentir todas as 
declarações de seu ex-sócio em depoimento que dará ao MPF no próximo dia
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