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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Governo Bolsonaro retroage dois séculos na História do Brasil

Quinta, 7 de julho de 2022

Governo Bolsonaro retroage dois séculos na História do Brasil
Publicado em 07/07/2022

Para muitos, saudosos da inquisição e da escravidão, o Governo Bolsonaro é o melhor do Brasil.

Afinal, não houve qualquer outro que retrocedesse tanto no desenvolvimento brasileiro quanto ele. Desenvolvimento não é uma condição econômica, é condição da sociedade onde a economia nem é parte mais importante. O que mais importa é a transformação do poder e, consequentemente, a influência do povo nas decisões.

Houve governante que não avançou um passo, quem tentasse retroceder, mas a sociedade impediu, agora, com a vitória do “mercado”, da corrupção e da desinformação inerentes ao financismo, ao neoliberalismo, do triunfo da ignorância sobre a razão, foi possível este atraso imenso que vemos nas ruas das maiores cidades e por todo território nacional. E Bolsonaro ganhou assim sua história; mas que história?!

Na magnífica biografia de Brizola, escrita pelo talento e competência de José Augusto Ribeiro para a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), “O Brizola Desconhecido — como um menino que não tinha nem sapatos mudou o futuro de seu país” (2022), destacam-se trechos muito oportunos da história do Brasil, principalmente quando se celebram 200 anos do sete de setembro.

Em 1823, o primeiro grande intelectual, construtor do projeto nacional brasileiro, José Bonifácio de Andrada e Silva assentou em dois pilares seu projeto de País: o trabalho, com o fim da escravidão, e a educação popular, “um liceu em todas as comarcas”. Por este arrojo civilizatório, José Bonifácio foi preso, “recolhido a um subterrâneo, lugar imundo e úmido” e exilado, em seguida. O projeto de Constituição encaminhado a 3 de maio de 1823 à Assembleia Constituinte serviu de pretexto para o golpe de Dom Pedro I e a outorgada constituição de 1824. O Brasil levaria mais de cem anos para incluir o trabalho e a educação na sua legislação, o que foi realizado por Getúlio Vargas em novembro de 1930, na chefia do Governo Provisório.

Cem anos se passaram e o trabalho e a educação voltam a fugir da sociedade brasileira por iniciativa do governo Bolsonaro. E com um agravante, a demolição da base que sustenta a civilização contemporânea: a energia fóssil.

No primeiro centenário da Independência, o Brasil era totalmente dependente do exterior. Todos derivados de petróleo eram importados. Era grave óbice à autonomia nacional, à soberania da República. E foi a energia e o controle da mineração, ao lado da educação e do trabalho que viriam proporcionar 50 anos de desenvolvimento ao Brasil, com justiça atribuídos àquele que deu sua vida por ele, denominados Era Vargas.

O projeto neoliberal e antinacional que se instala no Brasil busca extirpar estes fundamentos. O trabalho já foi reescravizado com os microempreendedores individuais (MEI), que representam nove em dez empresas no Brasil (Monitor Mercantil, terça-feira, 14/06/2022). A educação é entregue à sanha das igrejas do cofrinho e a quem nem se expressa com fluência no idioma pátrio. Os orçamentos saem de poucos para ridículos reais.

Agora todos os poderes do Estado se unem: executivo, legislativo e judiciário, toda linha de comando da área da energia para concluir a alienação da energia fóssil e de toda produção e distribuição de derivados de petróleo para capitais alienígenas.

Dois séculos de retrocesso. Bye, bye Brasil.