Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 13 de novembro de 2022

Último foco da insurreição ao voto: “Lavadeiras de Quartéis” cerca militares à espera de golpe

Domingo, 13 de novembro de 2022

Após vitória de Lula, grupo protesta em frente a quartel do Exército em  Salvador
Bolsonaristas protestam na Mouraria (Quartel General do Exército) em Salvador

Do Site Blog Bahia em Pauta

ARTIGO DA SEMANA

Último foco: “Lavandeiras de quartéis” cercam militares

Vitor Hugo Soares

Bem antes do que se poderia prever, e em quase desespero, as “Lavandeiras dos Quartéis” — propagadores da praga golpista e antidemocrática que surgiu e sedimentou-se por estas bandas do lado de baixo da linha do Equador, no governo do general Humberto de Alencar Castelo Branco, na primeira fase da ditadura implantada nos Anos 60 — voltaram e atuam às escâncara em Brasília a e outras partes do país, no que parece último foco de insolente e ilegítima manobra de insurreição aos resultados das eleições presidenciais de 30 de novembro, já declarados oficialmente pela Justiça Eleitoral e cuja eficácia e correção foram atestadas com atraso, esta semana, pelo polêmico relatório do ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas , tão nervosamente aguardado por governistas descontentes.

De caras renovadas, nos documentos de identidade e registros profissionais; celulares de última geração, manejados com perícia e agilidade, e novo estilo nas ações movidas por expectativas enganosas, (ditadas por lideranças desconexas e aleatórias), álcool, gritos e palavras de ordem sectárias e explosivas. Além de outros estimulantes menos convencionais, mas igualmente ilegais, por motoristas, ao volante, em longas e estafantes jornadas nas rodovias nacionais. Barulheira e desordem — tipo as promovidas nos dois últimos finais de semana, em zonas próximas ao QG do Exército, no DF; no Quartel General da Sexta Região Militar do Quarto Exército, no Campo da Pólvora (centro histórico de Salvador) e no Centro Militar, em Feira de Santana, ponto estratégico do maior entroncamento rodoviário de ligação entre o Nordeste e o Sudeste do país, para citar só atos, barulhentos e de maior repercussão, animados por trios elétricos e carros de som em altos decibéis de potencia.

Ainda não se sabe, ao certo, financiados por quem, mas, investigações preliminares indicam o dedo e a grana de um grupo de empresários (de grande e médio portes) onde, historicamente desde primórdios, a “praga das Vivandeiras” pregadoras de golpes e caos, costuma proliferar. Neste tempo de balbúrdia, pós-eleições, que a nação atravessa, ao contrário das atuações submersas, de “tempos idos” (de que fala Cartola em seu antológico  samba, que Paulinho da Viola lembrou, na entrevista recente ao jornalista Pedro Bial), quando tudo (ou quase) era feito na surdina.

Para contextualizar, como recomendava o falecido mestre de gerações em teoria e prática da comunicação, Juarez Bahia, editor Nacional do Jornal do Brasil: no pós AI-5, no governo Geisel, “amigos sumindo assim”, como na canção,  recém  formado em comunicação  e trabalhando em jornal baiano, o autor deste artigo ia cursar o último ano de Direito, na UFBA, quando teve a matrícula cassada, juntamente com mais de 20 alunos da universidade, foi preso e algemado dentro da sala de aula da faculdade invadida por agentes da PF, tendo à frente, em pessoa, o chefe da PF no estado, coronel Luiz Arthur de Carvalho, e levado com mais 5 colegas de Direito, para  ser fichado  “por subversão” no mesmo QG do Exército na Mouraria, em Salvador, dos atos das “Vivandeiras” na Bahia. O fato me ocorre agora, quando a praga dos descontentes com a derrota de Bolsonaro nas urnas  retorna às instalações militares. O resto a conferir.

Vitor Hugo Soares é jornalista. Editor do Site Blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br