Sexta, 25 de agosto de 2023
Marjorie Taylor Greene, uma das principais figuras do trumpismo no Congresso dos EUA, postou uma montagem nas suas redes sociais em apoio ao ex-presidente - Divulgação
O republicano é o primeiro presidente da história a ter a famosa "mug shot" tirada
Pedro Paiva
Brasil de Fato | Nova York (EUA) | | 25 de Agosto de 2023
No início da noite de ontem, Donald Trump se entregou à justiça da Geórgia na prisão do Condado de Fulton, em Atlanta. O presidente responde a 13 acusações de tentativas de reverter o resultado das eleições de 2020 no estado. O republicano pagou a fiança estipulada e agora responde em liberdade.
Diferentemente do que aconteceu nos 3 indiciamentos anteriores, em Atlanta Trump foi tratado como um criminoso comum, sem regalias. Apesar de protestos dos advogados, o ex-presidente precisou ser fichado na cadeia como acontece de costume.
O republicano foi medido, pesado e descrito em uma situação humilhante e sem precedentes na história política dos Estados Unidos. Em sua ficha, Trump é descrito como tendo 1,90m, 98kg e um cabelo “loiro ou morango”. A parte mais esperada, porém, foi a famosa mug shot, o retrato tirado do acusado nas dependências da prisão.
Em Nova York, Miami e Washington, Trump não precisou tirar a fotografia de fichado. O argumento é que o ex-presidente se trata de uma pessoa mundialmente conhecida e, por tanto, uma mug shot seria irrelevante no caso dele se tornar um foragido da polícia.
Quando Donald Trump foi indiciado em Miami, uma opositora que se manifestava em frente à corte disse ao Brasil de Fato: “se ele fosse uma pessoa qualquer, teriam tirado uma mug shot, a gente veria”. O anseio dela era o mesmo de muitos outros, ver Donald Trump ser tratado de forma igual aos demais criminosos, uma mensagem de que ninguém está acima da lei.
Mas há quem veja essa situação por outro ângulo. Alguns críticos de Trump alegavam que uma mug shot poderia ser usada pelo republicano como um símbolo da dita “caça às bruxas” à qual o ex-presidente afirma ser vítima. Uma imagem chocante que levaria a uma indignação ainda maior por parte dos apoiadores do magnata.
Não por acaso, Donald Trump rapidamente divulgou a imagem. Usou, inclusive, a rede social X, o antigo Twitter, para essa divulgação, uma plataforma que não usava havia dois anos, desde que foi banido e criou sua própria rede, a Truth Social. A narrativa, claro, é se colocar no local de vítima.
A tentativa de tornar a imagem algo favorável a Trump vai além do próprio ex-presidente. Marjorie Taylor Greene, deputada federal da Geórgia e uma das figuras mais fiéis a Donald Trump no Congresso, postou uma montagem de baixa qualidade como se ela própria também tivesse tirado uma foto de fichado. Na legenda a deputada diz: “eu estou com o presidente Trump contra a promotora comunista Fani Willis”.
A campanha de Trump também está usando a fotografia para pedir doações. No site do ex-presidente, ela ganha destaque com um texto que afirma que “o povo americano sabe o que está acontecendo” e que “o que está acontecendo é uma farsa judicial e interferência eleitoral”.
O povo estadunidense, porém, pelo menos de acordo com as pesquisas, talvez não veja a situação da mesma forma. Um levantamento nacional do Yahoo com a YouGov mostrou que 54% dos cidadãos acham que Trump deveria ser condenado em alguma das acusações, contra apenas 32% que se dizem contrários.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
Fonte: Brasil de Fato