Quarta, 1º de abril de 2015

Por Celso Lungaretti
Ver
concretizarem-se os meus maus augúrios nunca me serviu como compensação
de coisa nenhuma. Quero mais é que meus alertas ajudem a evitar os
desfechos decepcionantes para os quais os episódios se encaminham. Mas,
como dizia o grande poeta Cacaso, "moda de viola não dá luz a cego".
Assim é que no final de 2013, quando Dilma reagiu pifiamente ao ultraje
de estar sendo alvo da arapongagem do Grande Irmão do Norte, fui dos
poucos a destoar do ufanismo chapa branca:
"...os EUA foram flagrados espionando a Petrobrás e até mesmo a nossa presidenta -a qual, para salvar sua imagem junto ao público interno, teve de ir à ONU posar de vítima indignada.
Foi, falou, falou, falou e ninguém importante da parte criticada estava lá para ouvir e contestar, numa demonstração inequívoca de desprezo por Dilma e pelo Brasil.
O sapo não só foi engolido, como metamorfoseado em príncipe pela propaganda oficial. Ser olimpicamente ignorada pelo Império tinha de parecer um triunfo moral, para que a ninguém ocorresse cobrar-lhe uma resposta efetiva aos EUA, à altura dos insultos recebidos.
Mesmo assim, nova chance surgiu [quando Edward Snowden, em sua Carta aberta ao povo do Brasil, pela segunda vez pediu a nosso país que o acolhesse]. Em vão: a decisão está tomada e é a de não indispormo-nos com os donos do mundo por causa de um Snowden qualquer.
...Chocante é vermos a (...) postura de constrangedora vassalagem sendo adotada por quem um dia ousou pegar em armas contra a ditadura e o imperialismo!"
Segundo fontes palacianas, Dilma ficou "fora de si" com a informação e
voltou a exigir do Obama garantias de que será retirada da lista dos espionáveis. Valerão tanto quanto as anteriores...
Deveria é descarregar sua fúria sobre quem a aconselhou a voltar as
costas a Snowden, que, ele sim, saberia protegê-la da bisbilhotagem de
seus conterrâneos. Afora ter perdido uma ótima oportunidade para mostrar
um mínimo de independência em relação aos EUA.
Se preferiu ir à ONU chover no molhado, azar dela.