Sábado, 5 de agosto de 2017
Alguns dos problemas flagrados pela Defensoria: Superlotação da obstetrícia; falta de profissionais de saúde; falta de insumos básicos, como anestésicos, antibióticos e fios de
sutura; falta de equipamentos; banheiros insuficientes; instabilidade no fornecimento de energia elétrica ao hospital.
Alguém vai querer dizer que isso aí acima não é o caos?
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Da Defensoria Pública do DF
Defensoria Pública vistoria Hospital Regional do Gama e encontra irregularidades
“Nossa função é prover os direitos fundamentais das pessoas que estão em condições de extrema vulnerabilidade”, diz defensor
O Hospital Regional do Gama (HRG),
região administrativa do Distrito Federal, foi vistoriado na manhã desta
sexta-feira (04) pelos defensores do Núcleo da Saúde da Defensoria
Pública do DF. A iniciativa fez parte da Comissão Temática da Saúde da
Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), por conta do Dia
Nacional da Saúde, comemorado neste sábado (5). Na inspeção, foram
encontradas diversas irregularidades no hospital – como falta de
materiais e equipamentos – e alas com superlotação, como a de
obstetrícia.
“O objetivo da vistoria é saber quais
são as principais demandas e insatisfações do usuário do sistema público
de saúde. A Defensoria Pública tem uma função muito importante: servir
de voz para quem não tem e prover os direitos fundamentais das pessoas
que estão em condições de extrema vulnerabilidade. É fundamental escutar
os pacientes para que a gente tenha um melhor direcionamento das
políticas públicas” explica o defensor público Danniel Vargas.
Nas vistorias são avaliados a estrutura
física do hospital, o quadro de profissionais, as condições dos
alimentos e dos equipamentos, o estoque de materiais e medicamentos, a
forma do descarte do lixo hospitalar, os pedidos e acompanhamento de
exames médicos, a prioridade no atendimento aos idosos e a quantidade de
leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os defensores também
conversam com os pacientes para entender melhor as condições dos
atendimentos.
A falta de profissionais de saúde
(médicos, profissionais de enfermagem e auxiliares de enfermagem), a
falta de insumos básicos (como anestésicos, antibióticos e fios de
sutura) e ausência de infraestrutura adequada de atendimento, sobretudo
no Pronto-Socorro, onde a proporção de banheiros para a quantidade de
usuários é desproporcional, e a instabilidade no fornecimento de energia
elétrica para o hospital, que prejudica o funcionamento de todos os
setores foram os principais problemas detectados na visita ao HRG.
Foi identificada também uma superlotação
na ala de obstetrícia. De acordo com o protocolo de parto humanizado do
Ministério da Saúde, o hospital deveria abrigar uma gestante por sala.
No HRG, ficam três ou quatro mulheres no mesmo espaço e sem banheiro. As
pacientes recém-paridas chegam a ficar dois a três dias na sala de
recuperação, que não tem estrutura para dar banho nos bebês, por falta
de vaga na maternidade.
Os funcionários do HRG reconhecem o mal
estar que isto gera, mas garantem que não existe outra opção. “Uma hora
não tem onde colocar o paciente e temos que colocar o colchão no chão.
Não dá para negar atendimento”, desabafa um servidor.
Outro ponto observado pelos defensores é
que na enfermaria tem apenas um banheiro para 150 pessoas. Em média, 15
mil pacientes são atendidos por mês no Hospital Regional do Gama. De
acordo com estudo realizado pelo HRG, 70% dos atendidos no
Pronto-Socorro são de outras regiões administrativas do DF.
Soluções
A vistoria também trouxe aspectos
positivos. Os defensores propuseram à direção do hospital medidas para
facilitar o acesso dos pacientes a informações claras e seguras sobre o
agendamento de suas consultas e cirurgias. “Os assistidos da Defensoria
reclamam da ausência de transparência em relação à posição que estão na
lista para consultas, internações e busca de medicamentos. Existe a
possibilidade de construirmos uma alternativa comum que viabilize o
acesso dos pacientes a essa posição na fila de espera para que eles
tenham uma maior noção de previsibilidade de quando poderão ser
atendidos”, diz Vargas.
Também estão sendo estudadas medidas
para sensibilizar os médicos sobre a importância de relatórios que
detalhem a urgência na realização de procedimentos e na obtenção de
medicamentos, bem como o risco à saúde dos pacientes, no caso de demora.
Os defensores públicos puderam explicar aos pacientes como atuam no
Núcleo da Saúde da Defensoria.
da Assessoria de Comunicação
Fotos: Lúcio Cunhanha