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(Millôr Fernandes)

sábado, 5 de agosto de 2017

OPINIÃO: A política inofensiva do PT junto a CUT e CTB é um obstáculo na luta contra as reformas

Sábado, 5 de agosto de 2017
Do site Esquerda Diário
Por Fernanda Montagnner
Nessa quarta-feira a câmara salvou Temer. A "oposição" petista demonstrou sua falência em como não pode fazer qualquer resistência real a Temer, justamente porque é parte de manter a estabilidade do regime e assim permitir o andamento das reformas. A luta contra os ataques a previdência e aos direitos trabalhistas expressa na greve do dia 28 já estava sendo contida pela CUT e CTB, para transformar tudo em uma política eleitoral do PT subordinada aos métodos desse parlamento podre.

A chamada "oposição" apostou na tática de impedir que a votação de denuncia de corrupção contra Michel Temer chegasse a ter quórum, política essa que além de ser em si totalmente falida é uma completa farsa que não consegue combater nem uma vírgula do governo. Na própria tarde setores da oposição já tiveram que assumir que haviam sido derrotados nessa política, pois não só Temer havia conseguido quorum, como próprios “oposicionistas” haviam sim registrado sua presença.


A cena foi lamentável, "Perdemos", afirmou o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE). Essa quarta-feira foi o coroamento da política de do petismo de tentar desmoralizar a luta dos trabalhadores, enquanto falam em “Fora Temer”, foram parte de impedir o desenvolvimento das greves pelo país e assim mantiveram a estabilidade do governo Temer, que deu como resultado a votação dessa quarta.


Essa é a prova mais cabal do que significa desviar o processo de luta para uma política institucional parlamentar. É ver demonstrações inofensivas no quesito de combate as reformas e a Temer, enquanto a “oposição” desfilava com cartazes “fora Temer” e fazia falas contrários ao governo vislumbrando as eleições de 2018 e sendo parte constituinte de manter todos os métodos corruptos do congresso.


Mas mais, buscando frear a luta dos trabalhadores para impedir que estes tomem a política em suas mãos construindo uma saída independe e completamente oposta aos interesses de privilégios do congresso e capitalistas. O petismo, como parte do regime, atuou e atua conscientemente para impedir o desenvolvimento das greves, cúmplice da traição da Força sindical do no 30.


Querem manter o parlamento como “espaço privilegiado” da política, espaço onde a grande maioria são homens brancos que lucram junto aos empresários e centenas deles são eles mesmos empresários, donos de rádios e TVs e latifundiários. Lucram em cima da retirada de direito dos trabalhadores, em cima de aprovação de leis que contribuem para acabar com as riquezas naturais, assassinar os indígenas, acabar com a Amazônia para dar as terras aos latifúndios.


Local onde se vota um golpe institucional pela “família, propriedade privada e Deus”, enquanto moralizam demandas elementares das mulheres, como o direito ao aborto, e por outro lado as condenam a trabalhar grávidas em locais insalubres. Onde aprovaram a reforma trabalhista e a PEC 55 que já mostra seu resultado em centenas de funcionários públicos sem salários, hospitais caindo as pedaços e agora a ameaça de centenas de Universidades Federais fecharem.


Poderia citar mais mil absurdos ditos e feitos pelo congresso, se já não fosse também grotesca a votação da manutenção de um presidente golpista sem aprovação popular, que comprou com bilhões de reais cada um de seus votos, e fez cada trabalhador e jovem ver os deputados votando (com os bolsos cheios), pela “estabilidade do pais e pelas reformas”. Leia-se “estabilidade” como impedir o desenvolvimento de greves e lutas da juventude, seja a partir da repressão ou da ação de freio das burocracias sindicais. E “reformas” justamente aprovar a reforma da previdência e colocar em pratica a trabalhista.


O governo do PT abriu espaço para essa direita, e governou com ela durante anos, sabia muito bem que alguns cartazes de “fora Temer” e tentar não da quorum é um teatro eleitoral inofensivo. O deputado José Guimarães (PT-CE) prometeu "um longo e tenebroso inverno" na votação desta quarta, em referência à obstrução que a oposição pretendia fazer para impedir o início da votação pelo menos de manhã e à tarde. "O governo que se rebole para ter quórum, pois não vamos dar moleza. Se houver quórum, vamos enfrentar o debate e a votação, mas nunca se viu um balcão de negócios como esse. O presidente Temer virou um despachante que só negocia votos", disse Guimarães, que é líder da minoria.


Seria cômico, se não fosse completamente trágico essas ameaças de parlamentares do PT. Na realidade o resultado da votação é o governo agora correr para tentar aprovar a reforma da previdência, Meirelles fala na possibilidade de aprovarem até setembro, claro que não contam nesses cálculos com a possibilidade da luta de classes, mas contam sim com a política de freio das centrais CUT e CTB e com a traição aberta da Força Sindical com seus dirigentes empresariais.


"Quanto mais crise no regime, mais se evidencia o papel de contenção da luta de classes do PT e de sua burocracia sindical. Sempre em defesa da estabilidade, da governabilidade e da institucionalidade burguesas, o compromisso do PT em primeiro lugar é com a ordem dessa “democracia dos ricos”", como explica Andre Augusto, editor do Esquerda Diário, aqui, e a CUT e a CTB são o veiculo de transmissão dessa política para os trabalhadores.


Não a toa no site da CUT após a manutenção de Temer em um teatro de horrores aberto para quem quisesse ver a compra de votos com dinheiro público, e a “alegria” do governo em ver que é possível conseguir passar a reforma da previdência. Encontramos apenas uma nota noticiando a votação, ou outra noticiando uma pequena ação de pressão para que os deputados não votassem com Temer. Problema que a CUT não contava, ou quis ignorar é que no bolso de cada um dos deputados já tinha milhões de reais.


Não há qualquer chamado a novas greves, nem preparação para uma luta mais dura agora contra a reforma da previdência. Tão pouco citam a necessidade da luta para revogar a reforma trabalhista, apenas dizem que a saída é eleger Lula. Isso para impedir a luta de classes e para eleger Lula, mesmo que as custas de consolidar as reformas e assim garantir uma melhor correlação de forças para o governo.


Essa política já se mostra na desmobilização da luta pós greve geral do dia 28 de abril, quando os trabalhadores mostraram que tinham força para derrubar temer com as próprias mãos e barrar as reformas. Mas justamente isso que as centrais precisavam impedir, que surgisse um novo sujeito político arrancando a “política” do congresso e levando para as ruas.


Retomar o caminho da Greve Geral, construindo comitês de base para mobilizar os trabalhadores é a única forma de se travar um combate real às reformas e ao governo. Na greve do dia 28 os trabalhadores sentiram que era possível barrar a reforma com seus próprios métodos e luta, e já tiveram uma primeira experiência com a política de “banho de água fria” e traição das centrais, não é mais possível dar tempo ao governo nem esperar uma saída institucional.


Tomar novamente o caminho da greve e da vontade de vencer, pode sim derrubar as reformas. Os trabalhadores estão tendo suas primeiras experiências e se hoje a conjuntura não esta tão favorável, ao mesmo tempo a burguesia junto ao governo não conseguiu impor uma derrota a luta operaria. Por isso, a partir do que já foi vivido, e do que vemos todos os dias com o aumentar o desemprego, precariedade enquanto o governo rouba o dinheiro público, é preciso levantar um programam anticapitalista que questione todas as regras do jogo, impor uma assembleia constituinte a partir da luta que derrube Temer e revogue todos os ataques.

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