Sexta, 15 de outubro de 2010
Por Ivan de Carvalho

Mas, apesar disso tudo, o eleitorado não foi tão obediente às pesquisas quanto se imaginou. Nos últimos dias da campanha eleitoral para 3 de outubro, por conta de uns fatos e umas mobilizações sociais, o eleitorado forçou um rápido reajuste nas pesquisas. E foi assim que a candidatura da coligação liderada pelo PT foi obrigada a descer dos saltos altos nos quais ostensivamente subira – sem que isto fosse suficiente para evitar o segundo turno, que já havia sido considerado, aí por meados de setembro, como uma impossibilidade.
Todos os institutos de pesquisa erraram ou, se preferirem, o eleitor os enganou. É claro que uns divergiram mais, outros menos, não entre eles, mas da decisão dos eleitores. Agora, estão todos de volta. Desta vez, enfrentam um cenário aparentemente menos complexo, porque são somente dois os candidatos, em um confronto direto, não tem principalmente a candidatura de Marina Silva para enlouquecer as amostragens.
O que tem saído dos principais institutos de pesquisa de opinião impressiona. Vamos tentar sintetizar. A votação da petista Dilma Rousseff no primeiro turno a colocou, considerados os votos válidos, com uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre o tucano José Serra.
Então veio a pesquisa Datafolha, publicada domingo (realizada sexta e sábado) e apontou uma queda dessa vantagem de Rousseff sobre Serra para oito pontos. Em seguida, veio o Vox Populi e, com pesquisa realizada nos dias 10 e 11, levantou um pouco a moral petista, aumentando para 9 pontos percentuais (9,1 para ser exato) a diferença entre os dois candidatos.
Mas nem deu tempo para relaxar, muito menos para alguma outra coisa. Porque veio o Ibope, na última quarta-feira, divulgando sua pesquisa realizada entre segunda-feira, 11 e a própria quarta-feira. A pesquisa Ibope veio reduzir a diferença entre Dilma Rousseff e José Serra a seis pontos percentuais. Não eram mais os oito do Datafolha, nem os 9 do Vox Populi, mas apenas seis. Por esse número, se Serra tirar três pontos percentuais da adversária, leva a disputa para o empate, não o empate técnico fundado nas tais margens de erro, mas no empate formal.
Não bastasse o Ibope, que fez sua pesquisa já após o debate entre os dois candidatos na Rede Bandeirantes, veio, ontem, a pesquisa do Instituto Sensus, contratada pela CNT (cujo presidente, Clésio Andrade, apóia Dilma) e realizada dos dias 11 a 13. Conforme o Sensus, considerando sempre apenas os votos válidos (o que elimina os nulos, em branco e indecisos), Rousseff tem 52,3 por cento e Serra, 47,7 por cento. Diferença de 4,6 pontos percentuais. Menos de cinco pontos. Desconsiderando, como fiz em relação às pesquisas dos demais institutos, as margens de erro. Com elas, Serra já terá conseguido o “empate técnico”.
Parece – mas, como estamos comparando pesquisas de diferentes institutos, convém aguardar o próximo Datafolha para comparar sua mais recente com sua próxima pesquisa – que há mesmo, até aqui, uma tendência de redução ou extinção da vantagem obtida pela candidata petista sobre o candidato do PSDB nas urnas de 3 de outubro. E mais: o Sensus aponta rejeição de 37,5 por cento dos eleitores a Serra e 35,4 por cento a Dilma Rousseff. Em setembro, quando o Sensus fez sua pesquisa anterior, estava 40,2 a 32,6 por cento. Note-se que a rejeição a Serra diminuiu quase três pontos e a rejeição a Dilma subiu quase três.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.