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(Millôr Fernandes)

domingo, 7 de novembro de 2010

OAB orienta candidatos do Enem a procurar Ministério Público e não descarta pedir anulação da prova

Domingo, 7 de novembro de 2010
Da Agência Brasil
Amanda Cieglinski - Repórter
Os candidatos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que tiverem sido prejudicados pelo erro de impressão da folha de respostas da prova de ontem (6) devem procurar o Ministério Público (MP) para relatar o problema. A recomendação é do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante. Uma das possibilidades, segundo ele, é que o exame seja anulado e aplicado novamente.

Ontem, a folha em que os estudantes marcam as respostas das questões estava com o cabeçalho das duas provas trocado. O exame tinha 90 questões, sendo a primeira metade de ciências humanas e o restante de ciências da natureza. Mas, na folha de marcação, as questões de 1 a 45 eram identificadas como de ciências da natureza e as de 46 a 90, como de ciências humanas.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o erro foi detectado logo que as provas começaram e todos os fiscais das 128 mil salas de prova teriam sido avisados para orientar os estudantes que seguissem a ordem numérica das questões. O Inep garantiu ontem que nenhum estudante será prejudicado, caso tenha sido mal orientado. O órgão vai disponibilizar nesta semana um site na internet para que os candidatos abram um requerimento e peçam a correção invertida da folha de marcação.

Para Cavalcante, a sinalização do Inep não é suficiente para que o direito dos inscritos esteja garantido. Segundo ele, o MP deve investigar se o erro pode “redundar em um comprometimento do rendimento dos alunos” e, caso não seja possível aproveitar a prova já feita, o caminho é a anulação e reaplicação do exame.
“Não se pode ter sobre o exame qualquer tipo de dúvida a respeito de sua credibilidade. A simples declaração de que vai ser feita uma correção diferente para quem foi prejudicado tem que ser tomada com certa reserva. É necessário que haja uma verificação por parte do MP de como isso vai ser feito, até porque milita contra o exame uma carga de incompetência e falta de cuidado na confecção da prova”, afirmou.

Candidatos de um mesmo local de prova receberam orientações distintas sobre erro no Enem

Amanda Cieglinski


No Colégio Sigma, um dos maiores locais de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Distrito Federal, a maioria dos estudantes parece não ter sido prejudicada pelo erro de impressão da folha de respostas da prova de ontem (6). Ainda assim, apesar de fazerem prova no mesmo lugar, os candidatos receberam informações desencontradas e orientações distintas sobre a marcação do cartão.

Ontem, a folha em que os estudantes marcam as respostas das questões estava com o cabeçalho das duas provas trocado. O exame tinha 90 questões, sendo a primeira metade de ciências humanas e o restante de ciências da natureza. Mas na folha de marcação, as questões de 1 a 45 eram identificadas como ciências da natureza e as de 46 a 90, como ciências humanas.

As irmãs Ana Elisa e Camila Thereza Oliveira fizeram prova em salas diferentes e receberam orientações distintas de como proceder a marcação. Segundo Ana, de 20 anos, logo nos cinco primeiros minutos de prova o fiscal avisou o erro aos candidatos e disse para eles seguirem a ordem numérica das questões. “Não teve problema porque eles foram rápidos e a orientação muito clara”, afirma. Já na sala de Camila, de 19 anos, não houve qualquer tipo de advertência sobre o problema.

“Eu marquei na ordem numérica sem nem perceber, ainda bem. Quando cheguei a minha casa é que fui saber do erro”, disse. Para Ana Elisa, ainda que elas não tenham sido prejudicadas, a falta de uma orientação padronizada é uma injustiça.

Segundo ela, com o episódio, o Enem perde credibilidade como um concurso sério. “Esses fatores afetam o resultado. A ideia de um exame unificado é excelente, mas precisa ser aperfeiçoada a questão da organização”, acredita. Ela espera que o Enem aumente suas chances de conseguir uma vaga em um curso de medicina.

Os colegas Diego Cardozo, 17 anos, e Gabriel Percinote, 19 anos, também receberam orientações distintas apesar de fazerem prova no mesmo colégio. Segundo Gabriel, o aviso sobre o erro na folha de respostas só veio por volta das 15h. Na avaliação dele, tempo suficiente para que algum candidato já tivesse marcado o gabarito de forma incorreta.

Já Diego percebeu durante a prova que havia diferença na ordem das questões entre o caderno de provas e a folha de marcação. Ele conta que chamou o fiscal, que o orientou a preencher as respostas na ordem numérica. “Mas ele disse isso só para mim, não comunicou a sala inteira”, lembra. Apesar do desencontro de informações, Diego e Gabriel não se sentiram prejudicados e disseram que o erro não tumultuou a aplicação da prova.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o erro foi detectado logo que as provas começaram e todos os fiscais das 128 mil salas de prova foram avisados para orientar os estudantes que seguissem a ordem numérica das questões. O Inep garantiu ontem que “nenhum estudante será prejudicado”, caso tenha sido mal orientado. O órgão vai disponibilizar um site na internet para que os candidatos possam requerer a correção invertida da folha de marcação.