Sábado, 27 de
outubro de 2012
Por Ivan de
Carvalho

Claro que amostragens para consumo
interno das campanhas, de modo a orientar suas estratégias ocorreram, mas foram
mantidas sob reserva, de modo que têm muito pouco valor para análises de
jornalistas e muito menos para o eleitorado em geral, ao qual delas nada lhe
foi dado saber.
Neste segundo turno, quatro fatores
beneficiaram a campanha de ACM Neto. O primeiro deles foi o impacto psicológico
da classificação para o segundo turno em primeiro lugar. Embora pela diferença
mínima de 5.626 votos sobre o concorrente, primeiro lugar é primeiro lugar e
isso tem força. Praticamente embutido neste primeiro fator está o fato de que o
Ibope, único instituto a divulgar pesquisas eleitorais sobre as eleições de
Salvador durante a campanha para o primeiro turno, apontava, desde 27 de
setembro, o candidato do PT, Nelson Pelegrino, como vencedor, com uma vantagem
crescente, que chegou a seis pontos percentuais no sábado véspera da eleição e
a incríveis sete pontos na pesquisa de boca de urna, no domingo, 7 de outubro.
Então abrem-se as urnas e, do começo ao fim das apurações, Neto se mantém à
frente. Isso foi um anticlímax doloroso para a campanha do petista e um
empurrão vigoroso na campanha de ACM Neto.
O terceiro fator a beneficiar Neto,
e muito, foi a lei, que estabelece condições iguais de tempo na propaganda
eleitoral pela televisão e rádio para o segundo turno. Diferentemente do que
aconteceu na campanha para o primeiro turno, quando a campanha de Pelegrino
teve quase o triplo do tempo da campanha de Neto, este passou, no segundo
turno, a dispor de tempo igual ao do adversário.
O quarto fator benéfico foi a adesão
do PMDB. Da mesma forma que para Pelegrino foram benéficas as adesões do
ex-candidato peemedebista Mário Kertész e do ex-candidato do PRB, deputado
bispo Márcio Marinho. Ah, Da Luz também aderiu. Claro que outro fator favorável
à campanha de Pelegrino foram as visitas da presidente Dilma e do ex-presidente
Lula, que participaram de comícios.
Saindo de fatores estritamente
locais, há que registrar a permanente presença em toda a campanha eleitoral no
país – como um ruído de fundo para toda a mobilização eleitoral – do julgamento
do processo do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Um ruído de fundo muito
desagradável para o PT, não especificamente em Salvador, mas em todo o país.
Os eleitores curiosos poderão
conhecer, na noite de hoje, a pesquisa do Ibope (a segunda do instituto neste
segundo turno) que a TV Bahia divulgará. E talvez o Babesp, um instituto ligado
ao presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo, também divulgue sua
própria amostragem.
Uma coisa, no entanto, é certa. Foi
uma campanha difícil para os dois lados, dura, disputada voto a voto, no
primeiro como no segundo turno, com muitos debates – somente na televisão foram
quatro neste segundo turno, outro tanto durante a campanha para o primeiro
turno.
Depois disso tudo, deve ser hoje
muito baixo o número de indecisos. Agora é ir às urnas e manifestar, nelas, a
decisão que vai determinar como será a administração da cidade nos próximos
quatro anos como a correlação de forças políticas na Bahia, além de contribuir
significativamente para definir a correlação de forças no país, especialmente
porque em São Paulo o PT deverá tomar a prefeitura.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho
é jornalista baiano.