Sábado, 28 de junho de 2014
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Ao meu ver, a Fifa carregou nas tintas para fazer de conta que foi o
falso moralismo e não o calculismo que inspirou a aberrante e
inquisitorial sentença. Me engana que eu gosto.
Até mesmo a dita vítima, o chorão Chiellini, considerou "excessiva" a
punição. E foi Maradona o autor da melhor frase: "Quem ele matou? Por
que não o mandam para Guantánamo?".
Não fico nem um pouco surpreso em encontrar o Pelé na posição antípoda e
antipática. Alegou que, caso não houvesse rigor, episódios desse tipo
poderiam se repetir durante a Copa.
Sorte dele que, naquele amistoso
entre Brasil e Alemanha em 06/06/1965, a Fifa aplicou critério bem
diferente: o alemão Giessmann disputou uma bola dividida com a rispidez
habitual dos europeus, mas sem maldade, e Pelé, propositalmente, quebrou a perna do coitado, com toda a maldade do mundo.
Daquela vez, a expulsão bastou. Se encarado com o rigor extremo aplicado
à besteirinha do Suárez, o episódio justificaria até o banimento
definitivo de Pelé dos gramados. Afinal, um coice que fratura o
adversário é infinitamente mais grave do que uma mordida que nem sangue
tirou.
Só que alguns sempre foram mais iguais
para a Fifa. Que o diga Zidaine, cuja eleição como melhor jogador do
Mundial 2006 foi mantida apesar de ele ter agredido com uma cabeçada o
italiano Materazzi e sido expulso na partida final.
E há o preconceito, o terrível preconceito, tão bem descrito nestas palavras inspiradas do presidente Pepe Mujica:
Jorge Veiga - Cala a boca, Etelvina (1950)
"Os jogadores geniais frequentemente nascem nas entranhas do pobrerio. Nem sabem a alegria que nos dão. (...) A maioria deste mundo são os esquecidos, os que não têm voz. Quando um deles sobe, incomoda".=================================
Jorge Veiga - Cala a boca, Etelvina (1950)