Terça, 24
de junho de 2014
Do IHU
Instituto
Humanitas Unisinos
"Recomeça entre nós o ciclo do aliciamento eleitoral
das religiões tendo em vista as próximas eleições. Os religiosos que barganham
politicamente a fé de membros de suas igrejas abusam da fé e fingem que se
trata de trabalho missionário. No Getsêmani
da política brasileira o galo não canta apenas três vezes, nem o mentiroso é um
só. Satanás mobiliza
cúmplices e banaliza a fé. Está na informalidade do calendário eleitoral
paralelo", escreve José de Souza Martins,
sociólogo e professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP, em artigo publicado pelo
jornal O Estado de S. Paulo,
21-06-2014.
Segundo ele, "com a transformação do púlpito de
diferentes igrejas e religiões em palanque de comício eleitoral ou de
encabrestamento do voto, a política coloca de novo o cabresto das disputas
eleitorais e do poder no Cristo
crucificado para que, em vez do sangue da redenção, verta votos para quem, por
fazê-lo, certamente, não merece semelhante sacrifício. Mérito político só
existe na decisão racional e soberana do eleitor na hora de votar, sem
cabresto, livre da dominação daqueles que, fingindo religiosidade, só têm fé no
poder".