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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

GDF pede prazo maior para explicar superfaturamento no Mané Garrincha

Domingo, 23 de junho de 2014
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Por Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
O Governo do Distrito Federal (GDF) pediu prorrogação no prazo para explicar o possível superfaturamento no Estádio Mané Garrincha, que vai sediar sete jogos na Copa do Mundo. No início de março, relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios (TCDFT) apontou indícios de superfaturamento de R$ 431 milhões na execução da obra, o que elevaria o investimento total do estádio para aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
O TCDFT esperava o posicionamento do governo, que tem um prazo de 120 dias contados a partir de janeiro para se explicar oficialmente. Porém com o pedido formal de prorrogação, isso possivelmente só acontecerá depois do Mundial. Desde 2010, o Tribunal faz auditorias e conseguiu reduzir em R$ 179 milhões os custos da obra.
O Mané Garrincha é considerado o terceiro estádio mais caro do mundo. A arena da capital federal brasileira perde apenas para Wembley, na Inglaterra, e o Stade de Suisse, na Suíça.
Segundo dados colhidos pelo TCDFT durante visitas e análise de contratos, o custo do estádio dobrou desde o início da obra. A previsão inicial, em 2010, era de aproximadamente R$ 700 milhões e, atualmente, o valor oficial é de R$ 1,4 bilhão.
A análise mostra supostos gastos excessivos para justificar a mudança de valores. Entre eles, desperdício de materiais, erro no cálculo do transporte de peças, aluguel de caminhões a mais, atraso na isenção de impostos e o fato de o governo ter livrado o consórcio responsável de pagar multa por atraso.
Por meio de nota, a época, a Coordenadoria de Comunicação para a Copa negou as irregularidades e a denúncia de superfaturamento. De acordo com o governo, o relatório do TCDF é preliminar e lista itens pontuais para esclarecimentos da Novacap e do Consórcio Brasília 2014.
“O valor do investimento no estádio não aumentou. Destacamos que o investimento total é de R$ 1,4 bilhão, e ainda pode ser reduzido para R$ 1,2 bilhão em virtude da previsão de abatimento de créditos do Regime Especial de Tributação para Construção, Ampliação, Reforma ou Modernização dos Estádios de Futebol (Recopa)”, diz o comunicado.
Em relação ao aumento do valor previsto em 2010, a coordenadoria alega que os custos para a construção do estádio na época eram relacionadas apenas ao esqueleto do estádio. “Não é correto afirmar que R$ 670 milhões eram o valor total previsto para a construção. E é preciso destacar que a obra foi contratada a partir de licitações distintas. A primeira delas, no valor de R$ 696 milhões, foi assinada em 2010 entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e o Consórcio Brasília 2014, responsável pela obra civil”, completa.
O pedido de prorrogação para explicar os valores, no entanto, aconteceu apesar do governo destacar a facilidade de comprovar seus dados. Procurada pelo Contas Abertas, a Coordenadoria de Comunicação da Copa afirmou que só poderia responder aos questionamentos na terça-feira (24), já que na última sexta-feira (20), em razão do feriado de quinta, e nesta segunda-feira (23), em razão do jogo do Brasil em Brasília, foram decretados pontos facultativos no Distrito Federal.
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Comentário do Gama Livre: O GDF teve 120 dias para explicar superfaturamento na construção do elefante branco Mané Garrincha, mas agora, como menino birrento (ou culpado?), pediu mais tempo ao Tribunal da Conta do DF (TCDF). Se concedido o prazo, e pela composição do quadro de conselheiros do TCDF isso possivelmente vai acontecer, só depois da Copa da Fifa é que o governo Agnelo/Filippelli vai tentar justificar o possível superfaturamento. Ô contas difíceis, essas do GDF! Está certo que o GDF não é lá bom de contas, mas que leve tanto tempo para fazer essas do estádio é puro exagero. Ou esperteza.
Quem sabe —é só uma hipótese— está dando tempo para ver se o time da CBF ganha a taça da Fifa, pois aí acha, o governo, que tudo poderá ir para debaixo do tapete sem ninguém reclamar ou sequer perceber.
Na festa do hexa, se houver, quem vai lá se lembrar de algum “superfaturamentozinho” de alguns milhões e milhões de reais? Tudo vai escorrer junto da eliminação da cerveja bebida, desaparecer com o som dos apitos e vuvuzelas soprados, do balançar da caxirola (por onde andará essa última, que foi anunciada por Dilma como instrumento oficial da Copa?), e dos cortejos em carros de bombeiros pelas cidades desse país e, em especial, pelas largas, mas também engarrafadas, avenidas de Brasília?
“É necessário rever a megalomania e os interesses de grupos político-econômicos que direcionaram os governos passados e apostar no comprometimento com a coisa pública. Somente assim, os brasilienses poderão trilhar UM NOVO CAMINHO rumo à Copa do Mundo de 2014, que deixe como legado obras de interesse e uso coletivo.” (Da página 25 do documento, em formato pdf, do ‘Programa de Governo, Distrito Federal 2011—2014’, do Novo Caminho. Mas isso foi na campanha eleitoral de 2010. Comentar mais o quê? Sem comentários.