Uma falha em urnas eletrônicas usadas nas eleições no Brasil
foi alvo de um procedimento por parte da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão
(PRDC) de São Paulo. O documento, encaminhado ao procurador regional eleitoral,
André Carvalho Ramos, pede que os problemas já verificados por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), em 2012,
sejam verificados para as eleições deste ano.
Em 2012, o grupo de especialistas
do Centro de Informática
da UnB, coordenado peloprofessor Diego Aranha, do Departamento de Ciência da
Computação, conseguiram passar pela segurança da urna eletrônica durante uma
série de testes realizados. Os votos são armazenados na urna eletrônica e
embaralhados aleatoriamente; porém, durante os testes, realizados atendendo a
chamada pública do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os pesquisadores
conseguiram colocar em ordem os 950 registros realizados.Com base nos
resultados, foi possível detectar a fragilidade da proteção ao sigilo do voto e à integridade dos
resultados. “Os partidos recebem o arquivo com a votação embaralhada, o que é
feito pelo software instalado nas urnas eletrônicas. Com a reordenação dos
votos, é possível, sabendo os horários que os eleitores foram a determinada
seção eleitoral, descobrir em quem eles votaram, sendo certo que, para isso,
basta que um dos fiscais anote tais horários”, explicou o professor.
O mesmo estudo apontou ainda a possibilidade de alterar a
contagem dos votos, apesar de que tais vulnerabilidades não tenham sido
testadas por limitações feitas pelo próprio TSE. Deacordo com o Ministério Público Federal (MPF), a área de Tecnologia da
Informação do TSE deveria corrigir as falhas apresentadas pela equipe da UnB
relativas à proteção ao sigilo do voto, mas isso não aconteceu.
Para as eleições deste ano, a preocupação existe em razão
da ausência de novos testes públicos como os realizados há dois anos pela UnB,
ficando o processo restrito a servidores do TSE.