Domingo, 10 de agosto de 2014
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“Esquerdas” e Poder: Mudança de Endereço na Bahia
Por Aninha Franco*
As “esquerdas” chegaram ao Poder em 1986 com a bandeira da
“mudança” içada por Waldir Pires. A Sociedade confiou na bandeira e o
elegeu, mas, logo, Waldir transferiu-se para outras eleições, e a
bandeira da mudança foi entregue a Nilo Coelho, seu vice, que fez da
Bahia pior do que era. Nilo governador e o radialista Fernando José
prefeito, o que matava cobras, mostrava o pau, e obedecia a Pedro Irujo,
formavam uma dupla de extermínio de cidadania pra mau gestor nenhum
botar defeito, com o auxilio intrépido de Marcio Meirelles que fechou o
TCA, continuou seu diretor, e fez marketing pessoal planejando
extermínios futuros. Completamente provincianizada, Salvador dividia-se
entre buracos e lixo.
Em 1991, por conta dessas “mudanças”, as “esquerdas” perderam o
Poder e nos próximos anos nós, Artistas, conseguimos estruturar uma
infra-estrutura artística inteligente e contemporânea na Província,
exportando criações e lotando teatros com produções regionais. A
situação durou tanto tempo que o Poder Carlista cansou de si mesmo, e as
esquerdas se elegeram em 2006 com a bandeira da “mudança” içada por
Jacques Wagner que venceu, nomeou Marcio Meirelles secretário da cultura
que fez muito marketing pessoal para si a partir da secretaria e de uma
negritude súbita que o possuiu.
Dessa vez, as “esquerdas” não saíram do Poder, e tiveram, nesses
sete anos, sete meses e oito dias uma conexão com Brasília capaz de
transformar a Bahia em Shangrilá, mas as mudanças, mais uma vez, foram
piores. A Segurança, a Educação, a Saúde, o Turismo, a Cultura foram
desmanteladas de tal forma, que se há de convir que este período foi
mais danoso ao Estado que aquele de Nilo Coelho, mesmo porque a
Sociedade havia construído estruturas que foram destruídas por
negligencia, incompetência e concupiscência, ou pelos três.
E enquanto uma publicidade desenfreada falava do governo de “todos
nós”, os mais informados conheciam “um venha a nós” que resultou em
mudanças sim, mudanças de endereço para o Corredor da Vitória, para o
Horto Florestal, para o Alto do Itaígara e para o Alphaville. E agora as
“esquerdas” divididas entre o PT de Jacques Wagner/Gabrielli e a
“esquerda” de Lídice da Matta/Leonelli pedem votos com a bandeira de
mudar, de verdade ou mais. Mudar para onde? Para Barcelona? Para NY?
Para Paris?
*Aninha Franco, escritora, dramaturga e cronista, é
uma referência do pensamento crítico cultural e da criação teatral na
Bahia.
Fonte: Blog Bahia em Pauta