Sábado, 9 de agosto de 2014
Enquanto a população clama pela
investigação de denúncias, políticos demonstram que as CPIs estão aí
apenas para servir de arma eleitoral
Izabelle Torres
Revista IstoÉ
Não é de hoje
que as Comissões Parlamentares de Inquérito instaladas no Congresso
Nacional perderam a credibilidade. O instrumento que deveria servir para
o Legislativo exercer a nobre prerrogativa de investigar
irregularidades na administração pública vem servindo a interesses
eleitoreiros cada vez mais indisfarçáveis. Na semana passada, não
faltaram demonstrações de que o mundo político está mesmo determinado a
usar essas comissões como armas eleitorais e de que todos os lados
querem tirar proveito dessa disputa.
APURAÇÃO QUE É BOM ...
Deixada de lado até a semana passada, a CPI do Metrô (à dir.) foi reativada às pressas pelos governistas interessados em ofuscar o jogo combinado entre governo e depoentes na CPI da Petrobras (à esq.)
O governo vinha conduzindo as CPIs da
Petrobras ao sabor de seus próprios interesses e conveniências. Ao ser
surpreendido com a divulgação de que os parlamentares de sua base
operavam para facilitar a vida dos depoentes, tratou de armar uma
contraofensiva. Retirou da gaveta a CPI do Metrô de São Paulo, destinada
a apurar as irregularidades nas licitações durante sucessivos governos
do PSDB no Estado. Embora estivesse aprovada desde maio, a comissão não
havia sido instalada nem deslanchou porque, a despeito da sua
importância para investigar a formação de cartel nos setores de trem
sobre trilhos em São Paulo e o envolvimento de políticos tucanos, os
próprios governistas a deixaram de lado. O abandono foi uma resposta
silenciosa à inércia da oposição na CPI da Petrobras, que deixou a base
governista livre para um jogo que parecia ganho e não causaria qualquer
efeito eleitoral na campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT).
Ao ter de explicar a ajuda dos petistas aos
dirigentes e ex-diretores da Petrobras para os depoimentos que seriam
dados ao colegiado, o governo se viu obrigado a reagir. Embora essa
prática seja comum e conhecida no Congresso, os personagens envolvidos
tiveram de passar a semana dando explicações, o que causou turbulências
na campanha petista logo na largada da corrida presidencial. Esse
assunto, certamente, será explorado pela oposição nos programas
eleitorais no rádio e na televisão, o palco mais ostensivo do vale-tudo
eleitoral. Daí a resposta ao desgaste governista ter vindo rapidamente.
Leia a íntegra em: http://www.istoe.com.br/reportagens/376782_CPI+CONTRA+CPI?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage