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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Denúncias que Dilma classifica de “factóides” na verdade são gravíssimas e balançam a Petrobras

Terça, 12 de agosto de 2014
Carlos Newton — Tribuna da Internet
Os jornais publicaram que a presidente Dilma Rousseff (PT) classifica as denúncias envolvendo a Petrobras como um “factóide político”, estrategicamente esquecida de que já existe decisão judicial a respeito e diversos envolvidos estão com os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União.
Na tentativa de minimizar a importância das irregularidades que estão sendo denunciadas em profusão, a chefe do governo disse que não se deve “misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país”.

“Isso não é correto. Não mostra nenhuma maturidade”, comentou, acrescentando: “Acho fundamental que, na eleição, haja a maior e mais livre discussão. Agora, utilizar qualquer factóide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso”.
Bem, esta é a versão palaciana. Mas na verdade não se trata de factóide e sim de fatos, mais do que comprovados, envolvendo a Petrobras numa série de negociatas, com ex-diretor Paulo Roberto Costa preso há vários meses.
Tudo isso é público e notório. Ninguém pode ser preso ou ter bens bloqueados apenas por estar envolvido em factóide. Se isso tivesse acontecido, significaria que não existe Justiça no país.
“SEGREDOS DE ESTADO”
Se as denúncias não passam de um factóide, por que o Planalto e a Petrobras não respondem a essas singelas perguntas, que estamos sempre a repetir neste Blog:
1) Quantos barris são refinados por dia em Pasadena?
2) Qual são os resultados contábeis da refinaria? Dá lucro ou prejuízo?
3) Por que a Petrobras transformou essas informações em “segredos de estado” e não as revelam de forma alguma?
A verdade é que a compra da refinaria de Pasadena é injustificável. Trata-se de uma unidade sucateada, construída há 80 anos para refinar óleo leve americano. Para justificar o “bom negócio”,  a Petrobras alegou que iria fazer com que a unidade passasse a processar o óleo pesado extraído no Campo de Marlim, no Brasil, que fica a quase 20 mil quilômetros de distância da cidade texana, fato (e não factóide) que praticamente eliminaria a lucratividade da refinaria.
JUSTIFICATIVA RIDÍCULA
A argumentação usada para comprar Pasadena é patética para quem entende de indústria petrolífera. Fato (não factóide): não é nada fácil fazer com que uma refinaria de óleo leve passe a refinar óleo pesado. Até hoje, 40 anos depois da descoberta do abundante petróleo pesado em Campos, a Petrobras ainda não adaptou nenhuma de suas refinarias para processá-lo. Resultado: exporta óleo pesado (que é barato) e tem de importar óleo leve (que é mais caro), para misturá-los e conseguir refinar o petróleo extraído aqui no Brasil.
Pasadena nunca refinou óleo pesado e nunca irá refinar. Do jeito como está sucateada, se estiver refinando 25 mil barris dia de óleo leve, já será uma vitória. Mas o ex-presidente Sergio Gabrielli e a atual presidente Maria da Graça Foster seguem afirmando que a refinaria processa 100 mil por dia (esta era a capacidade máxima da época em que foi instalada, em 1934).
Para destruir de vez esse factóide de Gabrielli e Foster, basta dizer que, se a refinaria de Pasadena realmente estivesse processando 100 mil barris/dia, o lucro da Petrobras seria tamanho que os dois farsantes já teriam esfregado na cara dos parlamentares da CPI os resultados contábeis da unidade. Não haveria motivos para se discutir o assunto e muito menos para convocar duas CPIs simultâneas, jogando recursos públicos no lixo, como Gabrielli e Foster costumam fazer.
Para concluir, é sempre bom lembrar que Gabrielli é aquele presidente da Petrobras que ia a Brasília para “despachar” com o consultor José Dirceu no “escritório” do Hotel Naoum, e Graça Foster é aquela presidente da Petrobras cujo marido tem uma empresa que presta serviços à estatal sem licitação. E tudo isso não pode ser negado – são fatos e não factóides.