Sábado, 23 de agosto de 2014
O Gama
Livre transcreve a seguir duas excelentes postagens deste sábado do jornalista baiano
Luís Augusto Gomes, em seu ‘Blog Por Escrito’.
Postagem 1
Partidos políticos:
não temos outra saída
Uma vida pública sem partidos, ou com partido único, ou
ainda com partidos consentidos, como já tivemos no Brasil, é, em última
análise, uma ditadura, em que a população não é devidamente representada e as
leis não são feitas necessariamente em seu benefício.
Por isso é que uma personalidade de grande expressão na
História, o britânico Winston Churchill, pronunciou certa vez uma frase que
parece uma brincadeira, mas traduz a mais sólida verdade: “A democracia é o
pior sistema de governo, com exceção de todos os outros”.
Esses pensamentos decorrem de recente artigo assinado por
Luiz Mott na coluna quinzenal de que dispõe em A Tarde, o qual se inicia com as
seguinte palavras: “Como diz seu próprio nome, partido parte, divide. Nunca fui
muito ligado a partidos políticos...”
Com todo respeito, essa é a expressão dos iletrados, dos
alienados da política, que só enxergam seu lado deletério e nem mesmo refletem
sobre as alternativas existentes, não de um titular de cátedra de ciência
humana numa universidade federal.
As instituições são as pessoas que dela fazem parte, e os
partidos políticos não fogem a essa regra. Renegá-los liminarmente como
instrumento de gestão e transformação das sociedades beira a insensatez, e hoje
no Brasil isso é chover no molhado, porque é com o sistema partidário plural
que estamos condenados a conviver, aperfeiçoando-o.
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Postagem 2
Esquerda e direita:
conceitos que resistem
O douto professor incursiona também por “esse papo de
direita e esquerda”, referências, como se sabe, nascidas na Assembleia Nacional
formada após a Revolução Francesa. Correspondiam às posições que ocupavam no
plenário, em relação ao presidente, respectivamente, os girondinos partidários
do rei e os jacobinos revolucionários.
Com o século XX dominado pelo conflito capitalismo x
comunismo a partir da Revolução Russa, manteve-se viva a dicotomia, que passou
a ser bombardeada após a queda do socialismo real no bloco liderado União
Soviética como diferença que não mais existiria no trato político e econômico.
Entretanto, essa nomenclatura tem sua origem trissecular
no clamor contra a injustiça e na distância entre as classes sociais – uma
minoria abonada em contraposição a uma maioria destituída dos mais elementares
direitos. Em suma, a concentração de riqueza e a exclusão social como processos
em contínua expansão.
Num país como o Brasil, enquanto houver, de um lado,
lideranças personalistas cujo objetivo seja o poder, a manutenção de
privilégios, a impunidade e a corrupção, e, de outro, segmentos que aspirem a
mudanças para assegurar ao conjunto da população pelo menos a igualdade de
oportunidades, sempre estarão vivos os conceitos de direita e esquerda.