Domingo, 11 de janeiro de 2015
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Pesquisadores
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram
um plástico filme comestível que pode ser produzido a partir de
alimentos como espinafre, mamão, goiaba e tomate. As características do
produto (resistência, textura e capacidade de proteção), no entanto, são
muito similares às de um papel-filme convencional.
A pesquisa
foi desenvolvida pela Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio
(AgroNano) da Embrapa e recebeu investimentos de R$ 200 mil. Os
trabalhos foram coordenados pelos pesquisadores Luiz Henrique Capparelli
Mattoso e José Manoel Marconcini.
“É uma forma de processamento
de alimento na forma de filme, mas eles têm características similares
aos filmes convencionais, seja a diminuição da passagem de gases ou do
contato com outros organismos. É algo que não deixa você ter contato
direto com o alimento”, destaca o líder da Rede de Pequisa de
Nanotecnologia para Agronegócio da Embrapa, Cauê Ribeiro.
Aves
envoltas em sacos que contêm o tempero em sua composição, sachês de
sopas que podem se dissolver com seu conteúdo em água fervente,
goiabadas vendidas em plásticos feitos de goiaba, sushis envolvidos com
filmes comestíveis no lugar das tradicionais algas, são algumas
possibilidades imaginadas pela equipe da Embrapa para aplicar a nova
tecnologia.
Os alimentos, usados como matéria-prima do filme,
passam pelo processo de liofilização – tipo de desidratação em que, após
o congelamento do alimento, toda a água contida é transformada do
estado sólido diretamente ao gasoso, sem passar pela fase líquida. O
resultado é um alimento completamente desidratado, mas com propriedades
nutritivas.
O processo pode ser aplicado aos mais diferentes
alimentos como frutas, verduras, legumes e até alguns tipos de temperos.
Os pesquisadores adicionaram quitosana, um polissacarídeo formador da
carapaça de caranguejos, com propriedades bactericidas – o que pode
aumentar o tempo de prateleira dos alimentos.
“O tempo para
chegar ao mercado depende muito do tipo de alimento o do tipo de
parceria que a gente vai desenvolver com empresas. Temos de dar ênfase é
no processo para fabricar esses itens”, destaca Ribeiro.