Sexta, 9 de janeiro de 2015
Da Tribuna da Imprensa
Daniel Mazola
A
Copa do Mundo é dela. Emissora oficial do mundial de futebol que começa no mês
que vem, a Rede Globo espera faturar R$ 1,438 bilhão com a transmissão dos
jogos. E a bonança não para por aí: as receitas líquidas da empresa no ano
passado chegaram a R$ 10,693 bilhões – uma alta de 6% em relação a 2012. Não à
toa, os irmãos Marinho figuram no topo da lista das famílias mais ricas do
Brasil. O ranking foi divulgado nesta semana pela revista ‘Forbes’.
Enquanto
os resultados financeiros da empresa voam em céu de brigadeiro, o discurso é
outro na mesa de negociações da campanha salarial dos jornalistas. Irredutíveis
em proposta que não concede aumento real e que reajusta salários pelo menor
índice apurado no país, o INPC, as empresas de radiodifusão – capitaneadas pela
Globo, que é a maior empregadora nesse segmento – rejeitam as reivindicações do
Sindicato para a melhoria das condições de vida do jornalista carioca.
Além
da Globo, todas as empresas de comunicação esperam incremento nos lucros este
ano, muito por conta da realização da Copa do Mundo. Após obter resultado
fabuloso no ano passado, faturando R$ 21 bilhões em publicidade, a TV aberta
pode avançar 10% mais este ano, de acordo com estimativa de mercado do Projeto
Inter-Meios publicado na revista Meio & Mensagem. A pesquisa, que mede os
investimentos publicitários em diversas mídias, aponta ainda um horizonte de
crescimento para rádios (10%), jornais (6%) e revistas (4%). Isso sem falar da
internet, onde todas as empresas estão presentes, que faturou R$ 1,4 milhão em
2013 e espera ver a receita de anúncios crescer 10% este ano.
“É um mercado em franca recuperação”, afirmou
Anco Saraiva, diretor de marketing da TV Globo à revista. Enquanto isso as
dívidas da família mais rica do Brasil (TVs, Jornais, rádios e sites) com o
governo vão se acumulando de forma impressionante. Segundo a revista Forbes, a
empresa-jornal "O Globo" e seu responsável, João Roberto Marinho, são
réus em processo de execução fiscal por não pagar uma dívida ao INSS (Instituto
Nacional de Seguridade Social) que se arrasta desde 1999.
Para
garantir o pagamento da dívida de R$ 3,7 milhões na época; em 12 de agosto de
1999 a 5a. Vara Federal do Rio de Janeiro penhorou o tradicional prédio sede do
jornal, que fica na Rua Irineu Marinho, 35. O prédio ficou penhorado até 17 de
outubro de 2013, quando O Globo depositou uma carta de fiança bancária para
substituir o edifício como garantia, mas ainda não pagou a dívida, segundo a
movimentação do processo que corre hoje na 11ª Vara Federal de Execução Fiscal
do Rio de Janeiro.
O
curioso é que estas contribuições são necessárias para o pagamento de
aposentadorias, e o jornal, em seus editoriais tem defendido o fim da política
de aumentos reais do salário mínimo por aumentar as despesas do INSS. Estaria
os editoriais advogando em causa própria? E será que os leitores aposentados de
"O Globo" sabem desta dívida?
Segundo
decisão judicial, o montante da dívida atingia R$ 5,8 milhões na última vez que
foi corrigida. Não custava nada a família Marinho, detentora de uma fortuna
avaliada em mais de R$ 50 bilhões segundo a revista Forbes, honrasse seus
compromissos com os aposentados brasileiros. Seria o mínimo.
Globo manda no Congresso Nacional e no governo Dilma?
No
ultimo dia dia 5 de março, quarta-feira de cinzas (5/3/14), o senador Roberto
Requião fez um duríssimo pronunciamento contra" as ações evasivas,
protelatórias e desrespeitosas" da mesa do Senado e do Governo Federal,
que estão tergiversando para responder pedidos de informações que envolvem a TV
Globo, protocolados por ele.
O
jornalista Helio Fernandes já comentou bastante esse fato, mas não custa
relembrar, afinal de contas nada acontece com os “donos” do Brasil. Na ocasião,
o senador e ex-governador Requião relembrou que há quatro meses (agora são
seis) busca informações oficiais sobre dívidas, multas e empréstimos às
Organizações Globo, "mas tudo é feito na medida para proteger a
empresa".
O
senador descreveu "os caminhos tortuosos" que percorreram os seus
pedidos de informações aos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento
Econômico. Inicialmente enviados à decisão do plenário, tiveram o despacho
alterado e remetidos à Comissão de Constituição e Justiça, para nova tramitação.
Já
os pedidos que fez ao Ministério da Fazenda, com base na Lei da Transparência,
não foram respondidos sobre a alegação que as informações estão protegidos pelo
sigilo fiscal. "Ora, eu fui claro ao fazer o requerimento: eu só pedi
dados não protegidos por sigilo. Mesmo assim, o ministro da Fazenda se nega dar
as informações".
Requião
considerou ainda desrespeitosa a reposta do ministro da Fazenda, ao seu pedido
de esclarecimento sobre as razões da elevação da participação do capital
estrangeiro no Banco do Brasil: "Ele me manda perguntar ao Banco Central,
que a decisão foi do Banco Central. Quer dizer que uma decisão crucial como
esta passa ao largo do ministro da Fazenda, do Governo? Quer dizer que quem
manda no Brasil é o Banco Central?".
O senador
também considerou "um completo absurdo" a resposta do Ministério da
Fazenda ao seu pedido de informação, com base na Lei da Transparência, sobre
empréstimos do BNDES à Globo: "Disseram que não sabiam sobre o que eu
fosse perguntar ao BNDES".
Como
jornalista sou muito interessado nessa temática (e afetado diretamente), sendo
assim criei em 2012 uma página no Facebook (https://www.facebook.com/midiademocratica)
exatamente para debatermos o fim do monopólio midiático no Brasil. Uma das
perguntas que mais faço por lá é: A rede Globo "renovou" sua
concessão pública em 2007, cedida pela ditadura, com o governo federal (o
presidente era o gerentão Lula). Como pode uma empresa renovar uma CONCESSÃO
PÚBLICA com o governo federal devendo oficialmente (naquela época, hoje deve
passar de 2 BILHÕES) 615 milhões de imposto para a Receita Federal desde
2006???
TEMOS
TODO O DIREITO DE PEDIR A CASSAÇÃO DESTA CONCESSÃO PÚBLICA!
Quem não viu, veja agora o corajoso
pronunciamento do senador Roberto Requião. Vídeo: www.youtube.com/watch?v=npo5Lpyuw8s
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Leia também: Requião contesta Ministério das Comunicações e mostra que Roberto Marinho não cumpriu a Portaria 163/65, ao se apossar do canal 5 de São Paulo
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