Sábado, 13 de fevereiro de 2016
Daniel Isaia – Repórter da Agência Brasil
No Dia Nacional de Mobilização contra o Mosquito Aedes Aegypti em
Porto Alegre, o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo
dos Reis, anunciou que suspendeu o uso do larvicida Pyriproxyfen,
apontado em nota técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) , como
possível causador de microcefalia. O produto é utilizado em caixas
d’água para eliminar larvas do mosquito vetor da dengue, da febre
chikungunya e do vírus Zika. “A suspeita é suficiente para nos fazer
decidir pela suspensão do uso. Nós não podemos correr esse risco”, disse
Gabbardo.
O mutirão na capital gaúcha começou às 8h30 da manhã
de hoje (13). com solenidade de abertura na Gerência Distrital de Saúde
do Partenon, na zona leste da cidade, com a participação do prefeito
José Fortunati, do governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, e
do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
O ministro lembrou
de seu passado como prefeito de Manaus e governador do Amazonas, onde
doenças como a dengue são endêmicas: “Já enfrentei esse mosquito e sei
da união que é necessária para vencer essa situação.” A ação conjunta
das esferas municipal, estadual e federal também também foi destacada
nos discursos de Sartori e Fortunati, que lembraram do esforço recente
contra os danos causados pelo forte temporal do dia 29 de janeiro.
Durante
a manhã, 1.550 militares do Exército e 150 funcionários de saúde do
município e do estado visitaram cerca de 40 mil domicílios de onze
bairros porto-alegrenses. As casas que estavam fechadas vão ser
visitadas novamente à tarde. Na ação de hoje, os agentes apenas
conversaram com a população para reforçar os cuidados contra o Aedes
aegypti e orientar sobre como denunciar possíveis focos do inseto. A
partir do dia 15, as visitas terão objetivo de localizar e eliminar os
locais onde o mosquito se reproduz.
O aposentado Lucídio
Garbinato teve dengue hemorrágica há três anos, e contou que escapou da
morte por um "detalhe”. Ele e a esposa foram receptivos e conversaram
durante vários minutos com os militares que os visitaram hoje de manhã.
“Achei maravilhosa a convocação do Exército para essa tarefa. Os
militares são muito disciplinados, e essa disciplina é o que está
faltando pra gente combater esse mosquito”, afirmou Garbinato.
Nos
condomínios, os agentes conversaram com os síndicos e pediram para que
as orientações fossem repassadas aos demais moradores. Gilberto Aguilar,
síndico de um prédio no Partenon, contou que está sempre em contato com
os condôminos e com os vizinhos para eliminar os focos e impedir que o
Aedes aegypti se prolifere nas redondezas: “Eu já fazia isso há bastante
tempo pelo medo da dengue. Agora, com a zika e a chikungunya, esses
cuidados foram redobrados”.
Os agentes que participam do mutirão
afirmaram que foram bem recebidos pela população. Elaine Riegel,
funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, contou que
vários moradores a chamaram para entrar e conferir os cuidados que eles
tomaram contra o inseto. A experiência da manhã de hoje foi suficiente
para convencê-la de que as pessoas estão mobilizadas: “Se todo mundo
continuar ajudando e se organizando dentro do seu espaço, a gente vai
vencer esse mosquito”.