Quinta, 10 de novembro de 2016
“Darcy Ribeiro fez em 1982 uma conferência dizendo que, se os
governadores não construíssem escolas, em 20 anos faltaria dinheiro para
construir presídios. O fato se cumpriu. Estamos aqui reunidos diante de
uma situação urgente, de um descaso feito lá atrás”
Do STF
“Quando não se faz escolas, falta dinheiro para presídios”, disse a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, em encontro de secretários de segurança, em Goiânia (GO).
“Um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil por mês e um estudante do
ensino médio custa R$ 2,2 mil por ano. Alguma coisa está errada na nossa
Pátria amada”. A constatação foi feita pela presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra
Cármen Lúcia, que participou nesta quinta-feira (10) do 4º Encontro do
Pacto Integrador de Segurança Pública Interestadual e da 64ª Reunião do
Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), em
Goiânia (GO).
“Darcy Ribeiro fez em 1982 uma conferência dizendo que, se os
governadores não construíssem escolas, em 20 anos faltaria dinheiro para
construir presídios. O fato se cumpriu. Estamos aqui reunidos diante de
uma situação urgente, de um descaso feito lá atrás”, lembrou a
ministra.
No evento, Cármen Lúcia afirmou que a violência no país exige
mudanças estruturantes e o esforço conjunto de governos e da União. “O
crime não tem as teias do Estado, as exigências formais, e por isso
avança sempre. Por isso são necessárias mudanças estruturais. É
necessária a união dos poderes executivos nacionais, dos poderes dos
estados, e até mesmo dos municípios, para que possamos dar corpo a uma
das maiores necessidades do cidadão, que é ter o direito de viver sem
medo. Sem medo do outro, sem medo de andar na rua, sem medo de saber o
que vai acontecer com seu filho”, disse.
Inspeções
Desde que assumiu a presidência do CNJ, a ministra tem visitado
presídios para ver de perto as condições das unidades. Até o momento,
Rio Grande do Norte e Distrito Federal receberam visitas de surpresa, e a
ideia é inspecionar todos os Estados. “A cada nove minutos, uma pessoa é
morta violentamente no Brasil. Nosso país registrou mais mortes em
cinco anos do que a guerra da Síria. Estamos, conforme já disse o
Supremo Tribunal Federal, em estado de coisas inconstitucionais. Eu falo
que estamos em estado de guerra. Temos uma Constituição em vigor,
instituição em funcionamento e cidadão reivindicando direitos.
Precisamos superar vaidades de detentores de competências e, juntos,
fazer alguma coisa”, ressaltou a ministra.
Plano Nacional
O encontro realizado em Goiânia contou com a presença do ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes, que, na oportunidade, apresentou o Plano
Nacional de Segurança Pública. A ação tem como principais metas reduzir
os homicídios e os casos de violência contra a mulher, além de
racionalizar o sistema penitenciário e a proteção das fronteiras.
Fonte: CNJ