Quarta, 2 de agosto de 2017
Da Tribuna da Internet

Charge do Mariano (Charge Online)
Pedro do Coutto
Pesquisa do Ibope, divulgada na tarde desta segunda-feira pela
Globonews, revela que 81% dos brasileiros são favoráveis a que o
presidente Michel Temer seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob
acusação de corrupção passiva, formulada pelo procurador-geral da
República Rodrigo Janot. A pesquisa acrescenta mais uma explosão nas
articulações políticas que o Palácio do Planalto vem empreendendo para
bloquear que o processo passe à esfera da Corte Suprema.
Sem dúvida alguma, a pesquisa do Ibope representa um obstáculo às
ações do governo para encerrar a discussão do tema e, se possível, votar
ainda nesta quarta-feira o desfecho da matéria, na tentativa de reduzir
o desgaste do governo.
SEM QUORUM – A pesquisa do Ibope pode não ser
suficiente para mudar os rumos do desfecho final, mas inegavelmente sua
divulgação pode ter agradado à planície, mas desagradou profundamente o
Planalto.
Acrescentou um fator a mais para o desempenho da oposição e dos
favoráveis ao prosseguimento da denúncia no seu empenho de, pelo menos,
adiar de forma indefinida a votação final da matéria.
Nem o governo nem a oposição, possuem os 342 votos para assegurar o
fim desta etapa do debate. O Palácio do Planalto conta, como anunciam
seus líderes, com cerca de 250 votos. O que significa que, se a oposição
obstruir os trabalhos, não terá força o governo para decidir a matéria.
IMPASSE – Neste caso o impasse continua. Com
agravante da pesquisa do Ibope, cujos números já traduzem em si a
condenação moral do presidente da República, pelo seu ato de receber
Joesley Batista no Palácio Jaburu. O controlador da JBS gravou a
conversa. A população também. Esse desgaste cresceu muito nos últimos
dias, sobretudo depois que a opinião pública brasileira tomou
conhecimento das investidas governamentais à base da prática fisiológica
de trocar votos na Câmara por verbas ou cargos no governo.
O Planalto tem agido assim, inclusive como afirmou o ministro Eliseu
Padilha à Folha de São Paulo, dizendo que aqueles que indicaram
representantes na administração pública, se não votarem a favor de
Michel Temer, terão seus indicados exonerados.
São os que ocupam cargos de confiança e direção, inclusive nas
empresas estatais. Com isso, Padilha deixou mais uma vez bastante
claras as regras do jogo do Executivo em relação à Câmara dos deputados.