Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 1 de agosto de 2017

OS é isso aí: Em UPA terceirizada, idosa aguardou vaga por cinco dias sem alimentação

Terça, 1º de agosto de 2017
Do Site Ataque aos Cofres Públicos
Com informações do Expresso Popular
Segundo a neta da paciente de 78 anos, apenas soro na veia foi administrado

Nos últimos três meses, a Fundação do ABC esteve na mira da imprensa e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) no que se refere a contratos de terceirização na Baixada Santista.
Em Santos foram muitas as reportagens veiculadas na mídia local, em junho e julho, destacando falhas no atendimento, denúncias de maus tratos, negligência, despreparo dos funcionários, falta de insumos básicos como gesso, algodão e também estoque de remédios desfalcado. Tudo isso envolvendo a UPA Central. (Veja links no fim da matéria).

Nesta terça-feira (1º), mais um caso ilustrou a baixa resolutividade e precariedade da Fundação do ABC na UPA que substituiu o antigo PS Central. O jornal Expresso Popular contou o drama de uma idosa que ficou cinco dias na UPA à espera de uma vaga em um hospital que nunca surgia. Neste período, com a capacidade de deglutição prejudicada pela doença, a paciente Maria Clara Pereira, de 78 anos, ficou sem alimentação. Não havia sequer sonda para nutrir a idosa, que apenas recebeu soro na veia nessas 120 horas.
A neta dela, Ana Caroline Pereira Santos, inconformada com os riscos de uma inanição e desnutrição profunda, procurou a imprensa para denunciar o descaso. Ela questionou a demora das autoridades de conseguir um leito de internação em um hospital, mas também não poupou críticas ao tratamento dispensado à avó.
“Ela vai morrer de inanição, porque ficou todos esses dias sem comer. Só no soro. Não colocaram nem sonda nela”, disse Ana Caroline, ressaltando que na UPA ninguém soube diagnosticar o que de fato estava causando confusões mentais na senhora. Os parentes desconfiavam de infecção urinária, que nos casos mais severos pode causar esse tipo de sintoma aos mais velhos.
Duas horas depois que o jornal procurou as autoridades para obter respostas, “coincidentemente” uma vaga na Santa Casa surgiu e a idosa finalmente foi transferida. Cada parte envolvida deu a sua desculpa oficial para o caso. No que diz respeito à UPA, a OS que recebe R$ 19,1 milhões por ano da Prefeitura de Santos se limitou a dizer que não possui sonda e nem exames de média e alta complexidade, por não ser um hospital.  Mas assegurou que todos os recursos disponíveis ficaram à disposição da paciente.
O que o Expresso Popular estampou em sua página foi um  retrato do atendimento desumanizado na UPA Central de Santos, asseverado pela falta de vagas em hospitais. Mostrou que a UPA é uma espécie de depósito de pacientes que ficam sujeitos à sorte de conseguir internação em outros hospitais. Durante a espera, que pode demorar dias, a estrutura é mínima e as chances de piorar são máximas.
Não é normal que uma idosa de 78 anos fique  CINCO dias sem alimentação porque a unidade terceirizada não dispõe de suporte alimentar por sonda. Mas tudo depende do ponto de vista e da perspectiva com que se encara a saúde pública.
Para a FUABC o que aconteceu é ok. Não é perfil do serviço oferecer sondas e a OS lavou as mãos. OSs visam o lucro e, não, fazer o máximo para salvar vidas.
Para a neta da idosa a experiência foi desesperadora. Não foi ok. Não foi tratamento decente que disseram que seria dado na tal UPA “nova, moderna e mais eficiente”. “Ela ia morrer de inanição e ninguém fazia nada”, disse a jovem.
Veja abaixo outras reportagens veiculadas na imprensa da Baixada Santista sobre a péssima qualidade da terceirização da unidade sob a responsabilidade da FUABC: