Segunda, 16 de outubro de 2017
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
A Justiça Federal em São Paulo aceitou hoje (16) a denúncia do Ministério Público Federal
(MPF) contra os empresários Joesley e Wesley Batista, sócios da JBS, e
os tornou réus pela prática dos crimes de manipulação do mercado e uso
indevido de informação privilegiada.
“Considero existirem
suficientes indícios de autoria em relação a cada um dos imputados,
havendo, portanto, justa causa para o prosseguimento da persecução
penal”, destacou na decisão o juiz federal João Batista Gonçalves, da 6ª
Vara Federal Criminal em São Paulo.
Segundo a denúncia do MPF,
os empresários e dirigentes do grupo JBS lucraram R$ 100 milhões com a
compra de dólares poucos dias antes do vazamento do acordo de delação
premiada que fizeram com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Eles
teriam também vendido R$ 327 milhões em ações da JBS enquanto seus
executivos negociavam o acordo com a PGR. O MPF afirma que os
empresários sabiam que a delação causaria a queda das ações da JBS e a
alta do dólar e atuaram para reduzir o prejuízo.
O MPF aponta
Wesley como responsável pela compra dos dólares, por isso está sujeito a
pena de até 18 anos de prisão. Já Joesley teria articulado a
manipulação do mercado e pode pegar pena de 13 anos.
Os irmãos Batista já estão presos desde 9 de setembro na carceragem da Superitendência da Polícia Federal em São Paulo.
Em
nota, a JBS reafirma que as operações de recompra de ações e
derivativos cambiais foram realizadas “de acordo com perfil e histórico
da companhia que envolvem operações dessa natureza”. Segundo o texto, as
movimentações estão alinhadas à política de gestão de riscos e proteção
financeira e seguem as leis que regulamentam as transações.
A
defesa dos irmãos Batista disse confiar na Justiça e que “voltará a
apresentar relatórios técnicos que demonstram a normalidade de todas as
operações financeiras efetuadas, que afastam por completo qualquer
dúvida sobre a licitude de sua conduta”.