Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 29 de março de 2019

O único assunto que não sai dos holofotes: a Previdência, e os personagens que giram em torno dela

Sexta, 29 de março de 2019
Por
Helio Fernandes*

Paulo Guedes, depois de fugir da Câmara e ser amplamente repudiado pelos senadores: "Não sou de abandonar a luta na primeira derrota. Continuarei a lutar "Primeira derrota?". Posso contar de 1 a 8 sem o menor esforço.

Do presidente Bolsonaro, cada vez mais surpreendente e despreparado: "O destino e o futuro da reforma da Previdência, estão cada vez mais com o Congresso". Ele fala muito nos compromissos de campanha. Mas só começou a dizer, "governarei com o Congresso", a partir de 28 de outubro, quando venceu o segundo turno.

Rodrigo Maia, cada vez mais incisivo, elucidativo, definitivo: "Está na hora do presidente Bolsonaro sentar e começar a governar". Não precisa nem de interpretação. Só registrar: todas essas manifestações, ao mesmo tempo e no mesmo dia.

PS- Primeiros dias de abril se completam os primeiros "100 dias do meu governo". Prometeu fazer reavaliação  completa dele como presidente e como chefe do governo. Se fosse "líder da oposição", seria consagrado e triunfante.

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O ROMPIMENTO ENTRE PERSONAGENS, AMEAÇA SE TRANSFORMAR EM LUTA ABERTA ENTRE PODERES, CONFLAGRADA

100 milhões sabiam que Bolsonaro era incompetente e despreparado não votaram nele. Os que votaram, por causa das fortunas gastas nas enxurradas de mensagens nas redes, (financiadas por bandidos como os irmãos Batista, que doaram 23 milhões só no primeiro turno, como revelei durante a campanha) votaram no escuro e cegamente.

Se tivessem examinado o candidato, constatariam que ele era um tremendo desagregador. Agora, voltando na pesquisa do Ibope, começaram a abandoná-lo. 15 por cento DESAPROVARAM seu estilo de governar. 13 por cento não concordam com seu jeito pessoal de se comportar como presidente.

Na verdade, merece que sua atuação de quase 3 meses, seja chamada usualmente de DESGOVERNO e não de GOVERNO. Mas quando essa incompetência, despreparo, irresponsabilidade, ameaça os Três Poderes, que pela Constituição, (e temos  muitas, ao contrario dos EUA, que só têm uma) estabelece que o país "é governado por Três Poderes, harmônicos e independentes entre si".

Quando um capitão, expulso do Exército e proibido de frequentar quartéis, transformado em presidente, ameaça a Constituição, os fatos começam a se agravar. (Mesmo aquele finja pacificação e reconciliação, sua palavra não vale nada).
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SERGIO MORO NÃO MENTE NÃO VAI FAZER CARREIRA POLÍTICA

Magistrado, cúmplice e artífice do afastamento do ex-presidente Lula da campanha presidencial. Foi o principal fator da vitória do capitão.

Este sabia que devia tudo a ele, convidou-o, "você vai para Brasília comigo, será o civil mais importante do governo".

Resposta conhecidíssima de Moro: "Sou magistrado, jamais farei carreira  política". O "capitão" tomou posse, nomeou o magistrado para 2 ministérios importantíssimos. Esqueceu tudo, aceitou, tomou posse.

Mas seu fracasso é tão grande e evidente, que sua campanha política desapareceu, soçobrou, naufragou pelos próprios erros, equívocos, omissões.

Logo na primeira semana, com o ministério da Segurança, teve que intervir no Ceará. derrotadíssimo e repudiado pela população, o domínio dos criminosos cada vez aumentando mais. Desistiu da luta.

Voltou para Brasília, se omitiu completamente dos crimes praticados no gabinete do filho de Bolsonaro e do seu parceiro e cúmplice, Gaudêncio Queiroz. Ninguém falou mais no assunto, a investigação (e a acusação) "prescreveu".

Começou a brigar com Rodrigo Maia, queria que o projeto anti-corrupção, (realmente importante) andasse junto ou na frente do projeto da Previdência. Maia não concordou, conhece bem a câmara e sabe que dois projetos importantes não podem tramitar ao mesmo tempo.

Maia foi insultado pelo ex-magistrado, que foi até se queixar com Bolsonaro (foi o primeiro rompimento do presidente com o presidente da Câmara). Ontem, Sérgio Moro procurou Rodrigo Maia, pediu muitas desculpas, "Eu exagerei", e fez questão de apertar a mão de Rodrigo Maia, aperto que não significa conciliação, mas foi documentado por todas as televisões.

PS- O presidente Bolsonaro e o próprio Sérgio Moro, esperam ansiosamente, uma vaga no STF. Que só acontecerá normalmente  dentro de 2 anos.

Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa.
Matéria pode ser republicada com citação do autor.