Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Novidades e riscos no Terrível Trevo Norte (TTN)

Segunda, 3 de fevereiro de 2020
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna. Com informações do Blog Brasília para Pessoas
Texto e fotos: Uirá Lourenço.



Privilegia-se a fluidez motorizada em detrimento da segurança, o automóvel em vez dos modos saudáveis de locomoção. Um morador do Lago Norte (bairro de alta renda) que queira ir até o shopping Boulevard, aos supermercados ou a uma clínica no final da Asa Norte, a poucos quilômetros de distância, dificilmente deixará o carro em casa para ir de bicicleta ou ônibus.



Texto e fotos: Uirá Lourenço.
Publicado originalmente no blog Brasília para Pessoas*.

Brasília tem fama de cidade moderna. Mas como aceitar que todo dia as pessoas tenham que se lançar entre carros em alta velocidade e correr para chegar vivas ao outro lado? Como se permite que os ciclistas – que ocupam pouco espaço e não emitem poluentes – disputem espaço com motoristas a mais de 80 km/h?

Essa é a situação no final da Asa Norte, área ‘nobre’ de Brasília. As obras de ‘mobilidade’ avançam, estão quase concluídas. Segundo o Governo do Distrito Federal, trata-se da maior obra de mobilidade na história do DF. No projeto rodoviarista TTN (oficialmente, Trevo de Triagem Norte, mas prefiro chamar de Terrível Trevo Norte) foram construídos inúmeros acessos, túneis e viadutos com foco no automóvel. Pedestres, ciclistas e usuários do transporte coletivo foram esquecidos.


As leis são modernas, tanto as federais, quanto as distritais. A lei distrital n° 3.639 de 2005 estabelece que os projetos viários têm que contemplar ciclovias. Outra lei com mais de 10 anos de existência (lei distrital n° 3.885/2006) também é favorável à mobilidade ativa (não motorizada): entre os objetivos da lei estão “implementar melhorias de infra-estrutura que favoreçam os deslocamentos a pé e em bicicleta” e “estimular a conexão das cidades, por meio de rotas de longa distância seguras para o deslocamento entre as cidades, e para o turismo e o lazer – vias verdes, vias exclusivas para não motorizados”. Leis bonitas no papel, mas a realidade das ruas é bem diferente.