Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Inoperância e omissão na proteção do meio ambiente no DF

Quinta, 7 de outubro de 2010
Por Vicente Vecci

Tudo leva a crer que as agressões ao meio ambiente no DF continuarão em ritmo acelerado, devido não existir uma resposta enérgica dos órgãos oficiais encarregados de proteger e fiscalizar esse setor. Temos presenciado nas áreas rurais, invasões de terras com aumento de ocupação das glebas então arrendadas, desmatamentos e queimadas nas margens dos córregos que em determinados locais tem sido dragados para extração de areia, etc.
Em alguns parques ecológicos podem ser vistos depósitos de entulhos e lixo, levados por caçambas a serviço das Administrações Regionais, resultando em comprometimento de algumas nascentes. São vistos também adultos e crianças utilizando arapucas, estilingues, espingardas, gaiolas com alçapão para capturar e matar pássaros e outros animais. Ainda nesses locais, ocupantes em situações irregulares parcelam e grilam áreas de terras. Na verdade não existe nenhum patrulhamento oficial, e, vez por outra, voluntários de nossa ONG aventuram policiar esses locais e tem evitado esses crimes ambientais.
Nas áreas urbanas, animais domésticos são assassinados, agredidos, e abandonados, principalmente os eqüinos utilizados nas carroças.
Tudo isso a olhos vistos da sociedade civil, sem nenhuma interferência dos órgãos públicos do governo do Distrito Federal e da União. E quando o cidadão tenta denunciar essas irregularidades tropeça na burocracia. Se tenta contato com o IBRAM — Instituto Brasília Ambiental, é orientado a ligar na Ouvidoria do GDF, numa linha  que dificilmente atende. Se procura diretamente esse instituto o atendimento é moroso e insatisfatório. Se  protocola uma denúncia na superintendência  Regional do IBAMA, e,  ao procurar resposta por diversas vezes, recebe 8 dias depois do diretor do departamento de Proteção a Fauna, a   orientação de que o órgão não realiza  diligência  há seis meses e recebeu ordens para não fazê-las, pois existe uma diretriz de se fazer antes das apreensões de aves e animais silvestres capturadas para o tráfico,  uma campanha educativa. Enquanto isso, esses criminosos ambientais deitam e rolam.  Se entra em contato com a DEMA —Delegacia do Meio Ambiente da Polícia Civil—, que só funciona a partir das 13  horas  e não dispõe de efetivo suficiente, é  aconselhado a procurar  a CPMA —Polícia Militar Ambiental que, por sua vez, alega falta de viaturas e não pode verificar a denúncia e  ressalta  que não valeria a pena ir atrás  do fato comunicado, porque  já passou do flagrante.
Nesse aspecto a lei 9.605/98 que pune crimes ambientais é bem clara. No seu artigo 70, parágrafo 2º reza: Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. Isso nós temos feito. E para quem temos solicitado apoio, no caso os titulares dos órgãos citados acima, vai um recado que está no parágrafo 3º dessa lei: A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. Então, diante dessa omissão,  caberá  denúncia ao  Ministério Público Federal.
Frente a esse quadro, onde impera a negligência oficial, o caminho para reduzir esses crimes contra a natureza, está na mobilização de ambientalistas  da sociedade civil   através da criação de organizações não governamentais, ONGs ou OSCIPs, e fazer um trabalho voluntariado  de fiscalização e proteção do nosso meio ambiente, amparados por essa lei e, então, estabelecer-se como uma força auxiliar aos órgãos governamentais encarregados desse relevante  setor. 
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O jornalista Vicente Vecci é presidente da ONG Ecodefesa