Domingo, 21 de outubro de 2012
Restrição de 50 variedades de
agrotóxicos, publicada em julho, foi revogada para a Safra 2012/2013;
Ibama considerou que produtores precisavam de tempo para se adaptar
para reduzir os prejuízos.
A pulverização aérea de agrotóxicos causa muita
polêmica: os grandes latifundiários defendem essa forma de aplicação,
mas movimentos sociais e organizações ambientais apontam para os riscos
graves que ela representa para as pessoas e o meio ambiente.
Em julho deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) publicou decisão no Diário Oficial
restringindo a aplicação de mais de 50 agrotóxicos que continham os
componentes midacloprido, clotianidina, fipronil e tiametoxam.
A decisão, no entanto, foi revogada para a Safra 2012/2013 no dia 03
de outubro, sob a alegação de que os produtores precisavam de tempo para
se adaptar. Segundo a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) – ao
questionarem a proibição de julho – se fosse mantido o veto total, os
agricultores perderiam mais de R$ 5,92 bilhões.
Padre João (PT), que atuou numa comissão especial da Câmara sobre o tema, questiona a prioridade dada aos interesses econômicos.
“Eu vejo que tem um poder econômico perverso por trás de tudo isso. É
inegável a força que tem e que o interesse financeiro prevalece em
relação ao interesse da saúde, a qualidade de vida do trabalhador e das
comunidades rurais diretamente atingidas.”
O deputado alerta que muitos parlamentares defendem publicamente a
saúde, mas operam nos bastidores para garantir a permanência de diversos
agrotóxicos no mercado.
A pulverização aérea tem diversos riscos, sendo que os principais são
a deriva, percentual de agrotóxicos que, após a pulverização não atinge
a lavoura devido aos ventos, podendo contaminar rios, outras fazendas e
até cidades; e a evaporação dos agrotóxicos, contaminando as chuvas.
Padre João explica o ciclo.
“Essa chuva que vem uma parte dela evapora, outra parte vai entrar no
solo, atingindo córregos, ribeirões e rios, mas uma parte evapora, e
essa parte contaminada, volta. É uma coisa perversa.”
Fonte: Radioagência NP, José Coutinho Júnior.