Segunda, 22 de
outubro de 2012
Por Ivan de Carvalho

Na
capital da Bahia, ACM Neto, apesar dos, para ele, tenebrosos prognósticos do
Ibope, obteve uma vitória, ainda que apertadíssima, no primeiro turno (5.626
votos de frente sobre Pelegrino, representando apenas, percentualmente, 4,4
décimos). Mas na primeira pesquisa Ibope realizada no segundo turno, os números
do instituto finalmente sorriram a Neto, que abriu uma vantagem de oito pontos
percentuais nas intenções de voto sobre o candidato do PT.
Em
São Paulo, embora o Ibope haja errado – bem menos que em Salvador – no primeiro
turno e Serra haja se classificado para o segundo em primeiro lugar, o
desdobramento do processo eleitoral após o primeiro turno vem sendo bem diverso
do que ocorre em Salvador, a acreditar-se nas pesquisas desse instituto e nas
do Datafolha.
Os
dois institutos sustentam que o candidato Fernando Haddad abriu uma grande
vantagem sobre Serra, tão ampla que há praticamente um consenso – naturalmente
não admitido pelas forças que apoiam Serra – de que nada previsível poderá
alterar o quadro a ponto de dar a vitória ao candidato do PSDB.
Com
isto, numa primeira análise – confirmados os prognósticos das pesquisas – três
conclusões importantes se impõem. A primeira delas é a de que, com a derrota
que se aproxima, a carreira de José Serra como grande protagonista na política
nacional está encerrada. Ele poderá, em 2014, disputar, se quiser – e
dificilmente deixará de ser eleito – uma cadeira de deputado federal por São
Paulo ou, aí já correndo os riscos habituais em eleições majoritárias, a
cadeira de senador que estará em jogo. Depois, é só, porque a idade e a própria
evolução política nacional já não permitiriam nova tentativa de um vôo mais
alto em 2018.
A
segunda é a de que, afastado Serra de pretensões presidenciais em 2014 e com o
governador paulista Geraldo Alckmin candidato à reeleição, o PSDB muito
provavelmente (não é certeza porque os tucanos surpreendem pela capacidade de
se desacertarem) marchará para 2014 com um consenso interno. E um nome óbvio, o
de Aécio Neves. Mas o senador e ex-governador de Minas Gerais é muito esperto.
Se achar que tem boa chance de vencer, ele vai, se entender que não, talvez
prefira não disputar. Ou talvez dispute para firmar uma liderança nacional e
tentar outra vez em 2018, na esperança de que Alckmin, se houver sido reeleito
em 2014, não resolva atrapalhar. Se o governador Alckmin não for reeleito em
2014, não terá como atrapalhar.
A
terceira conclusão que se impõe é a de que, na atual conjuntura, a conquista da
prefeitura de São Paulo pelo PT é, sem falar na importância própria do governo
paulistano, um grande passo para se posicionar para a batalha de 2014, quando –
além de tentar manter a presidência da República – o PT tudo fará para
conquistar o governo do Estado de São Paulo, hoje o mais importante bastião das
oposições no país. E se tiver êxito no esforço, terá praticamente alcançado, aí
sim, a hegemonia política no país.
Nesse
contexto, Salvador, respeitada a desproporção de sua importância política com a
da capital paulista, poderá funcionar – no caso de uma vitória de ACM Neto, que
a pesquisa Ibope, se exata, prenuncia, considerada a conjuntura e o histórico
da campanha – como uma espécie de contrapeso à perda, para a oposição, da
cidade de São Paulo.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho
é jornalista baiano.