Sábado, 8 de junho de 2013
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
A presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta
Azevedo, que pediu exoneração hoje (7), deixou o cargo em meio a uma
onda de conflitos indígenas que se acirraram nos últimos dias e de
mudanças nas regras para demarcação de terras indígenas que
enfraqueceram a instituição. Primeira mulher a ocupar o cargo, a
antropóloga Marta Azevedo estava à frente da Funai desde abril de 2012,
quando substituiu Márcio Meira no comando da instituição.
Em Mato Grosso do Sul, uma tentativa de reintegração de posse contra
indígenas que ocupam uma fazenda no município de Sidrolândia terminou
com a morte do terena Osiel Gabriel, no último dia 30. Na terça-feira
(4), outro índio foi baleado na região. O acirramento da tensão levou o
governo estadual a pedir o envio da Força Nacional de Segurança para a
área. Desde quarta-feira (5), 110 homens da tropa federal estão na
região.
A situação dos indígenas mundurukus, que estão em Brasília desde o
começo da semana em manifestações contrárias à construção de usinas
hidrelétricas na Amazônia, também aumentou a tensão entre governo e
índios nos últimos dias. Depois de oito dias ocupando o principal
canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no
Pará, um grupo de 140 mundurukus veio a Brasília negociar com o governo,
mas, após uma semana de peregrinação e protestos, ainda não chegaram a
consensos.
Marta também teve que aceitar recentemente a decisão do governo de
ampliar o número de instituições às quais os processos de demarcação de
terras indígenas serão submetidos. A Funai é responsável pela elaboração
dos laudos antropológicos que determinam a criação de novas reservas.
No entanto, o governo quer que esses processos sejam submetidos a
pareceres da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e dos
ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. A Casa Civil
já suspendeu novas demarcações no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Segundo nota oficial, Marta deixou a Funai por razões de saúde que a
levarão a se submeter a tratamento médico “incompatível com a agenda de
presidenta. Ela será substituída pela atual diretora de Promoção ao
Desenvolvimento da Funai. Maria Augusta Assirati, que assumirá o cargo
interinamente.